domingo, 28 de fevereiro de 2010

Gênese Africana dos Humanos.




Observe que o DNA mitocondrial, apesar de pouco diverso, é abundante: existem centenas de mitocôndrias dentro de nossas células. Já o DNA nuclear contém muitos cromossomos diferentes, mas resume-se à região do núcleo. Como temos mais cópias de DNA mitocondrial nas nossas células, fica mais fácil encontrá-lo em bom estado num material fossilizado.

O DNA mitocondrial é transmitido às gerações seguintes pela chamada herança citoplasmática, exclusiva das mulheres formando, assim, uma matrilinhagem. Ele favorece a investigação da evolução da espécie, pois sua integridade genética é totalmente mantida, a não ser pelas mutações. O DNA mitocondrial humano é circular e minúsculo (apenas 16569 pares de bases). Sua taxa de mutação é várias vezes mais rápida em relação ao DNA nuclear, fazendo com que um grande número de regiões polimórficas seja gerado em alguns milhares de anos. Dessa forma, se assumirmos que a taxa de mutação é relativamente constante, podemos utilizar o número de polimorfismos do DNA mitocondrial como um relógio biológico. Pergunte à turma se o mesmo poderia ser feito com o DNA nuclear não, pois, além de ocorrerem a uma taxa menor, os polimorfismos seriam muito mais difíceis de interpretar em decorrência do processo de recombinação gênica e do fluxo de genes mais ou menos intenso em diferentes populações, fruto de movimentos migratórios.
É por meio do estudo do polimorfismo do DNA mitocondrial que se estabelece o grau de parentesco nas populações atuais e, por consequência, a antiguidade relativa de cada ramo populacional. A busca de polimorfismos é feita com enzimas de restrição, que cortam o DNA em sequências específicas (com quatro a seis bases). Esses polimorfismos estudados são denominados RFLPs (do inglês restriction fragment length polymorphisms, ou seja, polimorfismos de tamanho de fragmentos de restrição).


O melhor exemplo de reconstrução da evolução a partir do DNA mitocondrial foi feito em 1987 na Universidade da Califórnia. Com base no estudo de RFLPs no DNA mitocondrial de 147 indivíduos de várias origens geográficas, foi elaborada uma árvore filogenética que apontou apenas um ancestral comum: o DNA mitocondrial de uma mulher africana que viveu há cerca de 200 mil anos chamada de Eva Mitocondrial pela imprensa. A descoberta de uma convergência na árvore evolutiva a um único ancestral materno na África Subsaariana há apenas 200 mil anos é espantosa. O que teria acontecido com Eva e seus descendentes antes da dispersão humana pelo mundo, iniciada há cerca de 60 mil anos?

VEJA mostra que a análise do material mitocondrial de populações atuais revelou que durante quase 100 mil anos o homem ficou disperso em pequenas comunidades pelo continente africano, com pouquíssimo fluxo gênico proporcionado por migrações. Esses grupos chegaram à beira da extinção em virtude de secas desastrosas.


E eu pergunto:




  • O que é raça humana?




  • Qual o conceito que a moçada tem de raça?

Foi graças ao desenvolvimento da biologia moderna que o velho conceito de raça expresso em várias declarações, mesmo de intelectuais ligados à ciência perdeu a sustentação. A começar pelo erro em avaliar a diversidade humana somente pelo que se vê externamente. Destaque que o número de genes ligados à aparência representa uma porcentagem ínfima em relação ao total que possuímos. Isso significa que existe muito mais diversidade genética sob a epiderme do que sonha a vã filosofia daqueles que só olham para a cor da pele.

A maior diversidade que existiu na África está numa limitada numa resposta: nos 100 mil anos de evolução que antecederam a diáspora pelo mundo. Do mesmo modo, é possível entender a razão pela qual existe menor diversidade nas demais regiões do planeta. Lembre do efeito fundador, estudado nas aulas de evolução (Biologia). Uma pequena amostra dos genes do estoque original africano foi levada para fora da África. Algumas incluíam genes relacionados à pele branca. Assim, se um fator aleatório fixou um genótipo característico dos caucasianos de pele clara que habitam a Europa atual, certamente essa característica possuía valor adaptativo alto no ambiente de menos disponibilidade de luz das regiões setentrionais do planeta.

A espécie humana ainda evolui?

Aos que responderem negativamente, realmente a população mantém um padrão em função do controle exercido pela medicina moderna. Por outro lado, é evidente que mutações continuam ocorrendo. Quanto mais gente, mais mutações. Isso é estimulado, ainda, pela alta taxa de migrações observada nos dias de hoje. Nosso patrimônio genético sofre ajustes relacionados a dieta e outros aspectos da saúde, mais sutis do que a mortalidade causada por epidemias. Encerre recordando que a família humana só perdeu diversidade ao longo da evolução. Dos grupos de homens primitivos, restou apenas o Homo sapiens.


Assistam ao vídeo:

Sigam o meu TWITTER: www.twitter.com/profhugoleonard