domingo, 22 de agosto de 2010

Itália - Quando Surge Mussolini

Batizado em homenagem ao revolucionário mexicano Benito Juarez, pelo pai, um misto de socialista e anarquista, Mussolini filiou-se ao Partido Socialista aos 17 anos, tornando-se um militante muito ativo. Em 1901, refugiou-se na Suíça para escapar ao serviço militar obrigatório e peregrinou pelos cantões do país, sendo com freqüência expulso de onde se exilava devido à militância anticlerical e antimilitarista.
Mussolini aparece na História da Itália no momento crítico e favorável para sua ascenção.

Por muito tempo, a Itália era uma terra dividida, com muitas regiões e muitos dialetos. Era difícil uni-la sob um mesmo espírito. No Sul, o analfabetismo era generalizado. Em cada dez pessoas na Calábria, apenas três sabiam ler e escrever, embora no extremo Norte os leitores fossem mais numerosos. Como uma democracia relativamente nova, a Itália tinha poucos eleitores até 1912, quando o voto, em um ato de fé, foi concedido aos homens alfabetizados maiores de 21 anos, aos homens analfabetos com mais de 30 anos e aos soldados reformados.

O país era o púnico entre os mais populosos da Europa que não possuía campos ricos em carvão nem siderúrgicas movimentadas que pudessem competir com as do Vale de Ruhr e as da Inglaterra.

Neutra nos primeiros meses da Primeira Guerra Mundial, a Itália era cortejada por ambos os lados. Juntou-se inesperadamente à Grã-Bretanha, à França e a seus aliados. Por mais de três anos, lutou bravamente contra os austríacos e os húngaros nos Alpes, mas grande potência, a Itália esperava – na verdade, ouvira promessas – recompensas do lado vencedor, mas ficou tão decepcionada com as negociações de paz em Paris em 1919 que, em certa ocasião, seus representantes chegaram a se retirar da reunião. Muitos italianos ficaram desiludidos ao perceberem que seus grandes sacrifícios humanos na guerra haviam sido tão parcamente recompensados.

Havia um forte tambor nacionalista esperando para ser tocado por um político em ascensão, alguém capaz ressoar nos ouvidos dos soldados reformados. Até mesmo os civis estavam ansiosos para ouvir o som desse percussionista, pois tinham sofrido durante a guerra com um período de escassez de pão, em parte porque os navios com farinha e grãos, vindos dos portos do Mar Negro, já não podiam chegar ao país. Em agosto de 1917, uma desordem por conta do pão na cidade industrial de Turim causou a morte de 50 pessoas.

Depois da guerra, o problema econômico foi ressaltado por uma inquietação política. Em 1920, o país estava à beira de uma revolução. No porto Adriático de Ancona, um batalhão do exército amotinou-se. Greves desordenavam as ferrovias, as linhas de bonde nas cidades e as estações de energia elétrica. Os problemas foram agravados pela severa, embora curta, depressão pós-guerra que se abateu sobre quase todos os países da Europa. O tempo era propício para a ascensão de Mussolini.

Mussoline e Hitler

Fonte:
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. 1ª Ed. - São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008.

Internet: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u568.jhtm Acesso em 22/08/2010

Assistam ao vídeo de Mussolini:

domingo, 15 de agosto de 2010

O Brasil Indolente?


A IDÉIA DE QUE O BRASILEIRO É INDOLENTE É UMA DAS MAIS PARSISTENTE NA CULTURA NACIONAL. A SUA CONSTRUÇÃO VEM DESDE OS PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO E O SEU OBJETIVO É O MESMO DESDE ENTÃO: IMPOR AOS TRABALHADORES REGIMES DE TRABALHO EXAUSTIVOS.

Você já se perguntou por que neste país, em geral, as pessoas falam tão mal de seu próprio povo? No dia-a-dia, as pessoas vivenciam um profundo complexo de inferioridade por serem brasileiras. Mesmo quando elogiam o país, é normal terminarem a frase dizendo que poderia ser melhor. A cada novo plano econômico, os brasileiros, mesmo desconfiados, apostam que ele dará certo, pois estão cansados de viver para o futuro, sem nunca viver o presente. Mesmo sendo otimista, o brasileiro sente-se inferior em relação a outros povos. Por quê?

Complexo de inferioridade

Como tudo tem uma história, o complexo de inferioridade nacional também tem a sua. A origem dela está em nosso passado colonial e vem, através dos tempos, adquirindo outras formas, mas mantendo o mesmo padrão.

O primeiro brasileiro obrigado a viver o complexo de inferioridade foi o índio, o brasileiro natural de nossa terra. O índio não tinha nenhum complexo de inferioridade antes da chegada dos portugueses. Ao contrário, ele vivia numa sociedade bem-estruturada e era orgulhoso das tradições de sua tribo, de seus deuses, de suas glórias nas lutas contra os inimigos. Mesmo tendo de enfrentar as dificuldades de um modo de vida baseado na caça, na pesca, na coleta e numa pequena agricultura, possuía identidade e cultura complexa próprias.

A vida indígena não era um paraíso perdido. Tinham seus problemas, suas contradições. Aliás, é fácil imaginar como foi complicado viver numa sociedade que dependia exclusivamente da natureza. Apenas, é importante perceber que formavam uma sociedade estruturada, com valores determinados (dos quais vocês pode discordar), tinham equilíbrio e se auto-sustentavam (não se conhecem casos de tribos que passavam fome, a não ser que alguma catástrofe da natureza assim determinasse). Quando a terra perdia a fertilidade ou quando a caça, a pesca ou a coleta de uma região escasseavam, mudavam-se para outro local em que pudessem subsistir.

Sua sociedade era organizada entre iguais. Embora houvesse “cargos” (cacique, pajé), todos desfrutavam das mesmas condições de vida, e o alimento era distribuído entre todos. Cada um desempenhava seu papel na sociedade, ou seja, cada um sabia o que devia fazer e como fazer. Possuíam a noção muito clara de que ninguém explorava ninguém e de que suas ações ajudavam de fato sua tribo a sobreviver e a crescer.

Quando os portugueses aqui chegaram, seu objetivo era explorar a colônia, para conquistar, dominar e levar tudo o que achassem que daria dinheiro. A atitude deles em relação aos indígenas foi determinada por esses objetivos. Até quando foi possível obter deles que queriam, trataram-nos como sócios de um negócio, mas quando não puderam mais contar com sua “colaboração”, passaram a tratá-los como inimigos.

Os portugueses não foram os únicos a tratar os povos autóctones dessa forma. Os ingleses, espanhóis, franceses, holandeses e todos os demais povos europeus que naquela época colonizaram o mundo agiram da mesma forma. Os europeus exterminaram milhões de seres humanos a fim de conquistar e explorar as terras que por estes eram habitadas. Apesar de não existirem estatísticas exatas sobre isso, calcula-se que nem as duas guerras mundiais (a de 1914-1918 e a de 1939-1945) mataram, juntas, com todas as armas modernas que possuíam, o mesmo que os europeus nos processos de conquista do novo mundo. Isso foi a colonização.

Theodor de Bry - Século XVI, retratando a visão de um europeu sobre as diferenças entre o mundo dos indígenas e o dos colonizadores.

Fonte:

AGOSTINI, João Carlos. Brasileiro, sim senhor!: uma reflexão sobre nossa identidade. 2ª ed. São Paulo: MOderna, 2004.

Assistam ao vídeo Matriz Tupi de Darcy Ribeiro:

domingo, 8 de agosto de 2010

O Cinema Novo


O Cinema Novo nasceu em 1952, no I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e no I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Nestes eventos foram debatidas ideias que já tinham começado a brotar nas conversas entre jovens inconformados com a derrocada dos grandes estúdios cinematográficos paulistas. De seus desejos de ver um cinema realizado com maior realismo, mais substância e mais barato, inspirado pelo Neo-realismo dos cineastas italianos e pela ‘Nouvelle Vague’ francesa, surgiu o movimento brasileiro, intitulado Cinema Novo.

Talvez os anos 1960 tenham sido o momento da história republicana mais marcada pela convergência revolucionária entre política, cultura, vida pública e privada, sobretudo entre intelectualidade. Então, a utopia que ganhava corações e mentes era a revolução – não a democracia ou a cidadania, como seria anos depois –, tanto que o próprio movimento de 1964 designou a si mesmo como revolução. Rebeldia contra a ordem e revolução social por uma nova ordem mantinham diálogo tenso e criativo, interpenetrando-se em diferentes medidas na prática dos movimentos sociais, expressa também nas manifestações artísticas.

Neste período foi a era do Cinema Novo, composto por Glauber Rocha, Nelson pereira dos Santos, Cacá Diegues, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Zelito Viana. Walter Lima Jr., Gustavo Dahl, Luiz Carlos Barreto, David Neves, Eduardo Coutinho e entre outro que defendiam posições de esquerda. O Cinema estava na linha de frente da reflexão sobre a realidade brasileira, na busca de uma identidade nacional autêntica do cinema e do homem brasileiro, em busca de sua revolução.

Tendo como princípio a produção independente de baixo custo e como temática os problemas do homem simples do povo brasileiro, o Cinema Novo deslanchou em longas-metragens: na Bahia, com a criação de Iglu Filmes e, no Rio de Janeiro, com a filmagem de Cinco vezes favela, patrocinada pelo CPC da UNE (Centro Popular da Cultura da União Nacional dos Estudantes).

Os ideais do Cinema Novo logo cativaram artistas cariocas e baianos, que decidiram adotar os mesmos mecanismos. Nada dos filmes suntuosos outrora produzidos pela Vera Cruz, nenhum espaço para a alienação inerente às deliciosas chanchadas realizadas pelos grandes estúdios. O que se desejava agora era o cinema criado com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. O destaque, no Cinema Novo, é para a esfera dos conceitos, é o auge do chamado “cinema cabeça ou autoral”. Importante é refletir nas telas o real contexto brasileiro, através de uma linguagem despojada e adequada à realidade social deste período, marcada pelo subdesenvolvimento.

Na estética deste Cinema predominavam os deslocamentos lentos e escassos da câmera, os ambientes desprovidos de luxo, o destaque conferido aos diálogos, personagens principais dos filmes, muitos deles filmados em preto e branco. Na primeira etapa dessa escola (O Cinema Novo), que se estende de 1960 a 1964, os cineastas se voltam para o Nordeste como fonte temática, abordando os graves problemas que afetam o sertão. São lançadas ‘Vidas Secas’, de Nelson Pereira dos Santos, e ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, de Glauber Rocha.

Imagem de "Vidas Secas" de Nelson Pereira

A segunda fase, que vai de 1964 a 1968, reflete a meditação destes cineastas sobre os caminhos ditados pela Ditadura Militar para a política e a economia brasileira, as consequências do desenvolvimentismo adotado pelos militares. Surge O Desafio (1965), de Paulo Cezar Saraceni, O Bravo Guerreiro (1968), de Gustavo Dahl, Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.

A terceira e última etapa do Cinema Novo, que se prolonga de 1968 a 1972, revela o desgaste sofrido por este movimento, com a repressão e, principalmente, com a censura. As produções deste período são profundamente inspiradas pelo Tropicalismo. Recorria-se agora ao famoso exotismo nacional, com o uso de indígenas, araras, bananas, enfim, tudo que é típico das terras brasileiras. Mesmo em declínio, o Cinema Novo traz clássicos como Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, estrelado pelo genial Grande Otelo, baseado na obra-prima de Mário de Andrade.

Infelizmente não demorou muito para que os mecanismos repressivos da Ditadura Militar desbaratassem o movimento, perseguindo muitos de seus representantes, obrigados a fugir do país. Embora alguns dos veteranos do Cinema Novo procurassem se conformar ao contexto político, os mais novos rejeitavam completamente este cenário opressivo. O movimento dá lugar então ao Cinema Marginal.

Fontes:
RIDENTI, Marcelo; Org. FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucila de Almeida. O Tempo da Ditadura Militar e Movimento Sociais. 2ª Ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Acesso em 08/08/2010: http://www.infoescola.com/cinema/novo/

Assistam o Vídeo que conta sobre a Cultura na época:


Cena final do filme "Deus e o Diabo na Terro do Sol":