segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A semana de Arte Moderna: O Brasil como obra de arte

Cartaz da Semana de Arte Moderna 

A primeira Guerra Mundial (1914-1918) provocou um forte impacto sobre os intelectuais brasileiros, mudando a maneira de se pensar o Brasil. Ao final do conflito, a destruição da Europa revelou a fraqueza da civilização que os intelectuais brasileiros da Primeira República queriam seguir como modelo.

Restava, portanto, voltar os olhos para nossas próprias raízes. A vergonha que se tinha do povo brasileiro, por não ser como o europeu, passou a ser questionada. O modelo que vinha da Europa, antes tido como perfeito, revela-se frágil e decadente.

A intelectualidade brasileira organizou, em 1922, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna. Expondo quadros, recitando poesias ou promovendo apresentações musicais, os artistas participantes revelaram ao público que era possível fazer uma arte moderna (e, portanto, em dia com as novas tendências europeias) verdadeiramente nacional. Com esse espírito, os modernistas trouxeram temáticas nacionais para o centro de suas obras, valorizando o povo brasileiro.

Mas a semana de 1922 foi um escândalo, pois rompeu com velhas fórmulas a que todos estavam acostumados, modificando a linguagem, as formas de expressão visual, o gosto musical e contestando todas as regras existentes. O poeta Oswaldo de Andrade, por exemplo, recusava-se a usar a linguagem pomposa, apreciada pela elite, adotando uma linguagem simples, cheia de gírias e expressões populares, como podemos ver neste poema:

No Baile da Corte
Foi o Conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de suri
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê, bebê, pitá e caí

A semana de 1922 contribuiu para que a arte brasileira ganhasse características próprias, mostrando cenas típicas da paisagem e do povo brasileiro. Assim, enquanto Cândido Portinari pintava os retirantes da seca, Di Cavalcanti retratava as mulatas brasileiras e Tarsila do Amaral mostra os rostos da classe operária em frente às chaminés da grande indústria. 


A literatura buscava nossas raízes históricas. O índio, o caipira, o negro, os trabalhadores do campo e da cidade passaram a ocupar o primeiro plano dos romances escritos pelos modernistas. Foi assim com o personagem que deu nome ao livro de Mário de Andrade Macunaíma, publicada em 1928.

Macunaíma representava a síntese do Brasil: nasce negro, mas se comporta como índio e, em determinado momento de sua história, torna-se branco por efeito de magia. Viajando por diversas regiões do Brasil, consegue adaptar-se a todos os hábitos (do Norte e do Sul, do campo e da cidade). Apresentando-se como a mistura de todos os elementos do povo brasileiro, encarna o herói (ou anti-herói) nacional, ou seja, o homem comum.

Outros escritores chamaram a atenção para os graves problemas nacionais. O baiano Jorge Amado publicou livros enfatizando a vida dos pescadores, dos plantadores de cacau e dos meninos de rua de Salvador. Merece destaque a obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas, publicada em 1938. O livro relata a dura vida do sertanejo nordestino, maltratado pela seca e pela falta de perspectivas.

“Tupy or not Tupy”, ou “Ser ou não ser brasileiro”, como definia Oswald de Andrade, tornou-se a grande questão durante aqueles anos. Conhecer o brasileiro comum e com ele se identificar estava no centro das preocupações dos intelectuais. Desistia-se de tentar ser “europeu”.

Assim, a agitação intelectual que marcou o período foi algo mais do que um simples movimento de ideias. Foi também um movimento político que contestava o velho governo e as antigas regras que predominaram até os anos 1920, contribuindo para reforçar o sentimento de crítica à omissão do Estado na solução dos problemas nacionais e de urgência de transformações na sociedade.

Assistam ao Vídeo:


Globo News (Semana de Arte Moderna):


Referência:

Coleção telecurso 2000. FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO




sábado, 13 de outubro de 2012

República Oligárquica


O apogeu da ordem oligárquica

Entre 1898 e 1914, viveu-se o apogeu da ordem oligárquica no Brasil. Essa periodização tem um caráter basicamente didático, uma vez que pudemos observar que a estruturação desse domínio vinha se articulando desde o final do período colonial: há tempos já existia uma forma bastante significativa de exercício desse poder, muitas vezes, se fazia de forma indireta, como, por exemplo, durante a monarquia.

Nesse período, a centralização política e a decorrente dependência de uma burocracia imperial impediam um domínio pleno sobre os mecanismos políticos por parte dos latifundiários; mesmo porque se, por um lado, essa vasta burocracia imperial era recrutada em meio às elites, por outro, essas elites eram muitas vezes nordestinos, isto é, tradicionais e decadentes do ponto de vista econômico, agarrando-se aos seus cargos como forma de evitar a queda total.

A situação passou a ser incontrolável a partir da expansão da lavoura cafeeira, a nova riqueza econômica do país. Nem tanto nos primeiros tempos, quando a aristocracia cafeeira, escravocrata e fluminense ou do vale do Paraíba paulista, adequou-se perfeitamente às estruturas burocráticas do Império. Mas, com a expansão do café rumo ao Oeste paulista e com a consequência de uma nova aristocracia cafeeira, menos dependente da escravidão, passou-se a questionar os antigos mecanismos políticos imperiais. Daí o advento da república. 


Produção e Estoque do Café


Como vimos, a república se viabilizou por um golpe militar e, por isso, os militares permaneceram alguns anos à frente do poder, só sendo afastados do centro do cenário político no governo de Prudente de Morais. Esse governo, portanto, teve um caráter transitório e inaugural e, por isso, o tratamos de forma separada. Quanto aos demais governos do período inicial da República oligárquica, optamos por trata-los de forma conjunta, enfatizando seus aspectos econômicos, sociais e políticos.

ECONOMIA: O COMBATE À CRISE DO CAFÉ

A queda nos preços do café no mercado internacional abalou fortemente a economia brasileira que dependia em grande parte das exportações do produto. De fato, por volta de 1900, o café correspondia seguramente a mais de 50% do valor das exportações brasileiras. 


Assistam ao Vídeo: