Cartaz da Semana de Arte Moderna
A primeira Guerra Mundial (1914-1918)
provocou um forte impacto sobre os intelectuais brasileiros, mudando a maneira
de se pensar o Brasil. Ao final do conflito, a destruição da Europa revelou a
fraqueza da civilização que os intelectuais brasileiros da Primeira República
queriam seguir como modelo.
Restava, portanto, voltar os olhos para
nossas próprias raízes. A vergonha que se tinha do povo brasileiro, por não ser
como o europeu, passou a ser questionada. O modelo que vinha da Europa, antes
tido como perfeito, revela-se frágil e decadente.
A intelectualidade brasileira organizou, em
1922, em São Paulo, a Semana de Arte
Moderna. Expondo quadros, recitando poesias ou promovendo apresentações
musicais, os artistas participantes revelaram ao público que era possível fazer
uma arte moderna (e, portanto, em dia com as novas tendências europeias)
verdadeiramente nacional. Com esse espírito, os modernistas trouxeram temáticas
nacionais para o centro de suas obras, valorizando o povo brasileiro.
Mas a semana de 1922 foi um escândalo, pois
rompeu com velhas fórmulas a que todos estavam acostumados, modificando a
linguagem, as formas de expressão visual, o gosto musical e contestando todas
as regras existentes. O poeta Oswaldo de Andrade, por exemplo, recusava-se a
usar a linguagem pomposa, apreciada pela elite, adotando uma linguagem simples,
cheia de gírias e expressões populares, como podemos ver neste poema:
No Baile da Corte
Foi o Conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de suri
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê, bebê, pitá e caí
A semana de 1922 contribuiu para que a arte
brasileira ganhasse características próprias, mostrando cenas típicas da
paisagem e do povo brasileiro. Assim, enquanto Cândido Portinari pintava os
retirantes da seca, Di Cavalcanti retratava as mulatas brasileiras e Tarsila do
Amaral mostra os rostos da classe operária em frente às chaminés da grande
indústria.
A literatura buscava nossas raízes
históricas. O índio, o caipira, o negro, os trabalhadores do campo e da cidade
passaram a ocupar o primeiro plano dos romances escritos pelos modernistas. Foi
assim com o personagem que deu nome ao livro de Mário de Andrade Macunaíma, publicada em 1928.
Macunaíma representava a
síntese do Brasil: nasce negro, mas se comporta como índio e, em determinado
momento de sua história, torna-se branco por efeito de magia. Viajando por
diversas regiões do Brasil, consegue adaptar-se a todos os hábitos (do Norte e
do Sul, do campo e da cidade). Apresentando-se como a mistura de todos os
elementos do povo brasileiro, encarna o herói (ou anti-herói) nacional, ou
seja, o homem comum.
Outros escritores chamaram a atenção para os
graves problemas nacionais. O baiano Jorge Amado publicou livros enfatizando a
vida dos pescadores, dos plantadores de cacau e dos meninos de rua de Salvador.
Merece destaque a obra de Graciliano Ramos, Vidas
Secas, publicada em 1938. O livro relata a dura vida do sertanejo
nordestino, maltratado pela seca e pela falta de perspectivas.
“Tupy
or not Tupy”, ou
“Ser ou não ser brasileiro”, como definia Oswald de Andrade, tornou-se a grande
questão durante aqueles anos. Conhecer o brasileiro comum e com ele se
identificar estava no centro das preocupações dos intelectuais. Desistia-se de
tentar ser “europeu”.
Assim, a agitação intelectual que marcou o
período foi algo mais do que um simples movimento de ideias. Foi também um
movimento político que contestava o velho governo e as antigas regras que
predominaram até os anos 1920, contribuindo para reforçar o sentimento de
crítica à omissão do Estado na solução dos problemas nacionais e de urgência de
transformações na sociedade.
Assistam ao Vídeo:
Globo News (Semana de Arte Moderna):
Referência:
Coleção telecurso 2000. FUNDAÇÃO ROBERTO
MARINHO
oi to precisando de uma musica do musico villa lobos da semana da arte moderna..ppor favor me ajude....
ResponderExcluirpresciso dessa musica pra amanha atarde....
ResponderExcluir