terça-feira, 23 de novembro de 2010

O ORIENTE MÉDIO

A região que compreende o Oriente Médio está localizada na porção oeste do continente asiático, conhecida como Ásia ocidental. Possui extensão territorial de mais de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, com população estimada de 260 milhões de habitantes. É composta por 15 países: Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria, Turquia.

Atividades Econômicas:

O petróleo é o principal produto responsável pela economia dos países do Oriente Médio. Nessa região está localizada a maior concentração mundial dessa fonte energética (aproximadamente 65% de todo o petróleo mundial). Essa grande quantidade de petróleo, aliada a fatores econômicos e políticos, criou as condições para a formação, em 1960, de um dos mais importantes cartéis do mundo atual, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Outra atividade econômica importante no Oriente Médio é a agropecuária. Por ser realizada dominantemente de forma tradicional, com uso de pouca tecnologia e mecanização, essa atividade incorpora cerca de 40% da população economicamente ativa. O predomínio de climas áridos e semiáridos na região é bastante prejudicial para o desenvolvimento dessa atividade econômica.

A atividade industrial no Oriente Médio apresenta pouca expressividade. Nos países petrolíferos, há a existência de refinarias e petroquímicas. Outras indústrias se relacionam aos setores mais tradicionais, como o têxtil e o alimentício.

O turismo é outra atividade que vem apresentando importância para alguns países do Oriente Médio, a exemplo de Israel e Turquia (que recebem cerca de 2,5 milhões de turistas por ano).

Religiões:

No Oriente Médio, aproximadamente 292 milhões de pessoas (92% da população) são muçulmanas. A maioria pertence às seitas sunita e xiita (sugeridas logo após a morte do profeta Maomé, em 632 d.C.). Há grupos menores de mulçumanos, como os drusos e os alauítas.
Em Caaba, onde está depositada a Pedra Negra que, desde tempos imemoriais, se acredita ter sido trazida do céu pelo Arcanjo Gabriel, e todos os ídolos tribais.

A região abriga ainda cerca de 13 milhões de cristãos, muitos de igrejas árabes, como a copta ou a maronita, que estão entre as mais antigas do cristianismo. Além disso, também vivem no Oriente Médio cerca de 6 milhões de judeus, quase todos em Israel. A migração desses deu-se em ondas, originárias primeiro da Europa e, depois, de todo o mundo. Por isso, no Estado judeu encontram-se inúmeros grupos étnicos cujas culturas, tradições, orientações políticas e práticas religiosas variam muito e são livremente expressas.

Política - Conflitos

A região do Oriente Médio é uma das áreas mais conflituosas do mundo. Diversos fatores contribuem para esse fato, entre eles: a sua própria história; origem dos conflitos entre árabes, israelenses e palestinos; a posição geográfica, no contato entre três continentes; suas condições naturais, pois a maior parte dos países ali localizados são dependentes de água de países vizinhos; a presença de recursos estratégicos no subsolo, caso específico do petróleo; posição no contexto geopolítico mundial.

As fronteiras das novas nações, definidas de acordo com interesses europeus, não consideraram a história e as tradições locais, consequentemente vários conflitos ocorreram e continuam ocorrendo no Oriente Médio.
Os novos Estados árabes – Iraque, Kuwait, Síria, Líbano, Jordânia – brigaram por recursos naturais e território. O conflito mais grave ocorreu na Palestina, para onde, até o fim da Segunda Guerra, havia migrado meio milhão de judeus. Quando foi criado o Estado de Israel, cinco países árabes atacaram, na primeira das seis guerras entre árabes e israelenses.

Jerusalém:
Os cartógrafos medievais situavam Jerusalém no centro do mundo e, para muita gente, a Cidade Velha continua a ser assim considerada. Para os Judeus, o Muro das Lamentações, parte do Segundo Templo, é o local mais sagrado de todos. Acima dele está o Domo da Rocha, o terceiro local mais importante no islamismo, de onde Maomé subiu aos céus. A poucos quarteirões dali, a Igreja do Santo Sepulcro assinala o local tradicional da crucificação, do enterro e da ressurreição de Jesus. Israel reivindica a cidade como sua capital eterna; já os palestinos a querem como capital de seu Estado.

Veja a situação dos Cristão no Oriente Médio:


E a expansão do Islamismo no Blog:

Assistam ao vídeo explicativo, sobre os Conflitos no Oriente Médio:

domingo, 24 de outubro de 2010

Brasil Redemocrático - 1985-1989

A redemocratização de 1985 manteve a tradicional marca histórica brasileira de se fazer a instalação de uma nova ordem política sem que fossem destronadas as elites da véspera. Foi assim na independência política de 1822, na instalação do regime republicano de 1889, na Revolução de 1930, de democratização de 1945 e, novamente, em 1985. Esse padrão incluía uma significativa mudança política sem que ocorresse a ascensão de uma nova classe social ao poder. Pelo contrário, as novas forças emergentes compunham-se com os interesses dos velhos grupos que antes exerciam direta ou indiretamente o comando nacional.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney.

José Sarney assume a presidência do Brasil com uma economia falida, utilizou dos seus planos econômicos como o Cruzado, Plano Sarney e entre outros, que nada funcionou, levando os brasileiros a uma miséria não conhecida de muitos. Só aqueles que viveram naquela época entendem o que foi na verdade os problemas econômicos do Brasil na Era Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

A Constituição Federal de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direitos. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental brasileiro, que saíra de um regime autoritário recentemente, a constituição de 1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos constitucionais para bloquear golpes de qualquer natureza.

E por fim, tivemos finalmente, depois de mais de 25 anos, o povo brasileiro volta a votar em presidente da república, infelizmente, conduzido pelos meios de comunicações o povo acabou votando no homem “errado”. Aquele que deveria ser o nosso caçador de marajá, na numa mais foi do que um mero político, como tantos outros políticos levou o Brasil apara mais uma crise.

Assim sendo, as eleições de 1989 foram as primeiras desde 1960 em que os cidadãos brasileiros aptos a votar escolheram seu presidente da república. Por serem relativamente novos, os partidos políticos estavam pouco mobilizados e vinte e duas candidaturas à presidência foram lançadas. Essa quantidade expressiva de candidatos mantém o recorde de eleição presidencial com mais candidatos. Foi também a primeira eleição na qual uma mulher disputou o posto mais elevado da República – Lívia Maria do Partido Nacionalista (PN). Como nenhum candidato obteve a maioria absoluta dos votos válidos, isto é, excluídos os brancos e nulos, a eleição foi realizada em dois turnos, conforme a então nova lei previa. O primeiro foi realizado em 15 de novembro de 1989, data que marcava o centésimo aniversário da proclamação da República, e o segundo em 17 de dezembro do mesmo ano. Foram para o segundo turno os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, e Fernando Collor de Mello, da coligação encabeçada pelo hoje extinto Partido da Reconstrução Nacional.




Vídeo 02:

domingo, 26 de setembro de 2010

A Ditadura Militar no Brasil (1964-85)

No dia 1º de Abril de 1964 o Brasil mergulha em uma nova fase da sua história. Durante 21 anos o país viveu um regime de governo militar, que marcou a nação, seu povo e suas instituições. Foram duas décadas de confronto entre forças políticas e sociais. Neste conflito ambos os lados, governo e oposição, utilizaram todos os seus recursos: censura, terrorismo, tortura e guerrilha. Veja abaixo o regime militar e o período de redemocratização. Verá também alguns fatos que marcaram a ditadura: os movimentos de oposição e a repressão: http://www.culturabrasil.pro.br/ditadura.htm

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.

Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.

Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

Assistam aos vídeos sobre o Regime Militar (1964-85) com Boris Faustos:


Parte 02

Parte 03

Fontes:

Site: Cultura Brasil - http://www.culturabrasil.pro.br/ditadura.htm

Grupo Escolar: http://www.grupoescolar.com/materia/ditadura_militar_no_brasil.html

Boris Fausto (Vídeos)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Governo Vargas (1951-1954): O Populismo

O significado dos três anos e meio do governo Getúlio, os mais agitados na história constitucional brasileira, é motivo de diferentes interpretações. Para alguns estudiosos, o governo de Vargas foi anti-imperialista, tendo um projeto de desenvolvimento industrial autônomo, independente do capital estrangeiro. A oposição exercida pela UDN, por essa interpretação, representava os interesses de um setor pró-imperialista da burguesia brasileira, defensor de ma industrialização subordinada ao capital estrangeiro. Para outros estudiosos, com os quais se identifica este texto, a política de Vargas era nacional-reformista, ou seja, buscava atrair o capital estrangeiro para, associado ao nacional, impulsionar a industrialização do país nos setores que exigiam tecnologias mais avançadas. Contudo, não interessava, então, ao capital norte-americano produzir no país na amplitude desejada por Vargas. Essa posição coincida com os interesses anti-industrializante do setor mercantil da burguesia nacional, que enriquecia, em parte, exatamente por ser intermediário nas importações de produtos manufaturados.

O populismo

Vargas implementou uma política populista, na busca de suporte político de setores populares para promover a industrialização. A seu favor o presidente tinha, também, o setor nacionalista das Forças Armadas, que via na industrialização uma forma de reduzir a vulnerabilidade do país, mediante o aproveitamento dos recursos naturais, permitindo um maior período militar e a possibilidade de defender a segurança nacional. Vargas tratou, também, de compor um ministério que refletisse os diversos apoios que recebera na campanha eleitoral, que lhe desse a maior penetração possível junto à sociedade e, ainda, que desarmasse a oposição. Assim, ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) foi entregue apenas o Ministério do Trabalho, numa medida favorável ao partido, que ganhou o controle dos sindicatos operários patrocinados pelo governo. O PSD recebeu os ministérios da Fazenda, Ralações Exteriores e Saúde; o PSP ficou com a pasta de Viação e Obras Públicas, enquanto o Ministério da Agricultura coube ao udenista (oposição) João Cleofas. A UDN não considerou importante tal ministério e, dirigida pela burguesia mercantil, aliada a interesses norte-americanos, manteve-se na oposição. Enquanto isso, a burguesia industrial estava numa posição ambígua, pois, se por um lado lhe interessava a industrialização, por outro lado havia a desconfiança de que o populismo pudesse criar condições aos setores populares de se organizarem na defesa de interesses próprios, em lugar de serem manobrados.

A política populista de Vargas entrou em crise quando a continuidade do progresso inflacionário levou à chamada “greve dos 300 mil”. Iniciado em 26 de março de 1953, na cidade de São Paulo, sob a liderança do Partido Comunista, reivindicando melhores salários, o movimento estendeu-se pelo interior do estado, demonstrando um avanço na capacidade organizativa dos trabalhadores. O governo, ao mesmo tempo em que reprimia de forma violenta alguma das ações mais ousadas empreendidas pelos operários, através de membros da cúpula da burocracia estatal procurava fazer crer aos grevistas que lhe era simpático. Os setores médios urbanos e a burguesia industrial sentiram-se ameaçados com o movimento grevista que, assim, acabou provocando a união da burguesia. Os setores conservadores responsabilizaram o governo pela greve e passaram a ver o Exército como instrumento pêra depor Vargas a barrar o avanço do movimento operário.


A fim de criar condições políticas para implementar um plano de estabilização econômica que, entre outras coisas, combatesse a inflação e recuperasse a confiança dos trabalhadores, Vargas promoveu, em meados de 1953, uma reforma ministerial. Nomeou para o ministro do Trabalho o jovem político gaúcho João Goulart, presidente do PTB, que estivera atraindo líderes sindicalistas para o partido, com a finalidade de respaldarem a política getulista. A proximidade de Goulart com o movimento sindical causava aversão nas forças conservadoras, que interpretavam sua nomeação como uma virada à esquerda por parte do governo. Essa suposta esquerdização teve maior repercussão negativa das Forças Armadas, onde o setor nacionalista aliado de Vargas estava enfraquecido. O setor mais forte no Exército, naquele momento, alinhava-se cada vez mais com a proposta de golpe da UDN, em nome de um pretenso anticomunismo.

Fonte:
DORATIOTO, Francisco Fernado M. De Getúlio a Getúlio: o Brasil de Dutra a Vargas, 1945-54. São Paulo: Atual, 1991.

Assistam aos vídeos:

Video 01


Vídeo 02

domingo, 22 de agosto de 2010

Itália - Quando Surge Mussolini

Batizado em homenagem ao revolucionário mexicano Benito Juarez, pelo pai, um misto de socialista e anarquista, Mussolini filiou-se ao Partido Socialista aos 17 anos, tornando-se um militante muito ativo. Em 1901, refugiou-se na Suíça para escapar ao serviço militar obrigatório e peregrinou pelos cantões do país, sendo com freqüência expulso de onde se exilava devido à militância anticlerical e antimilitarista.
Mussolini aparece na História da Itália no momento crítico e favorável para sua ascenção.

Por muito tempo, a Itália era uma terra dividida, com muitas regiões e muitos dialetos. Era difícil uni-la sob um mesmo espírito. No Sul, o analfabetismo era generalizado. Em cada dez pessoas na Calábria, apenas três sabiam ler e escrever, embora no extremo Norte os leitores fossem mais numerosos. Como uma democracia relativamente nova, a Itália tinha poucos eleitores até 1912, quando o voto, em um ato de fé, foi concedido aos homens alfabetizados maiores de 21 anos, aos homens analfabetos com mais de 30 anos e aos soldados reformados.

O país era o púnico entre os mais populosos da Europa que não possuía campos ricos em carvão nem siderúrgicas movimentadas que pudessem competir com as do Vale de Ruhr e as da Inglaterra.

Neutra nos primeiros meses da Primeira Guerra Mundial, a Itália era cortejada por ambos os lados. Juntou-se inesperadamente à Grã-Bretanha, à França e a seus aliados. Por mais de três anos, lutou bravamente contra os austríacos e os húngaros nos Alpes, mas grande potência, a Itália esperava – na verdade, ouvira promessas – recompensas do lado vencedor, mas ficou tão decepcionada com as negociações de paz em Paris em 1919 que, em certa ocasião, seus representantes chegaram a se retirar da reunião. Muitos italianos ficaram desiludidos ao perceberem que seus grandes sacrifícios humanos na guerra haviam sido tão parcamente recompensados.

Havia um forte tambor nacionalista esperando para ser tocado por um político em ascensão, alguém capaz ressoar nos ouvidos dos soldados reformados. Até mesmo os civis estavam ansiosos para ouvir o som desse percussionista, pois tinham sofrido durante a guerra com um período de escassez de pão, em parte porque os navios com farinha e grãos, vindos dos portos do Mar Negro, já não podiam chegar ao país. Em agosto de 1917, uma desordem por conta do pão na cidade industrial de Turim causou a morte de 50 pessoas.

Depois da guerra, o problema econômico foi ressaltado por uma inquietação política. Em 1920, o país estava à beira de uma revolução. No porto Adriático de Ancona, um batalhão do exército amotinou-se. Greves desordenavam as ferrovias, as linhas de bonde nas cidades e as estações de energia elétrica. Os problemas foram agravados pela severa, embora curta, depressão pós-guerra que se abateu sobre quase todos os países da Europa. O tempo era propício para a ascensão de Mussolini.

Mussoline e Hitler

Fonte:
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. 1ª Ed. - São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008.

Internet: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u568.jhtm Acesso em 22/08/2010

Assistam ao vídeo de Mussolini:

domingo, 15 de agosto de 2010

O Brasil Indolente?


A IDÉIA DE QUE O BRASILEIRO É INDOLENTE É UMA DAS MAIS PARSISTENTE NA CULTURA NACIONAL. A SUA CONSTRUÇÃO VEM DESDE OS PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO E O SEU OBJETIVO É O MESMO DESDE ENTÃO: IMPOR AOS TRABALHADORES REGIMES DE TRABALHO EXAUSTIVOS.

Você já se perguntou por que neste país, em geral, as pessoas falam tão mal de seu próprio povo? No dia-a-dia, as pessoas vivenciam um profundo complexo de inferioridade por serem brasileiras. Mesmo quando elogiam o país, é normal terminarem a frase dizendo que poderia ser melhor. A cada novo plano econômico, os brasileiros, mesmo desconfiados, apostam que ele dará certo, pois estão cansados de viver para o futuro, sem nunca viver o presente. Mesmo sendo otimista, o brasileiro sente-se inferior em relação a outros povos. Por quê?

Complexo de inferioridade

Como tudo tem uma história, o complexo de inferioridade nacional também tem a sua. A origem dela está em nosso passado colonial e vem, através dos tempos, adquirindo outras formas, mas mantendo o mesmo padrão.

O primeiro brasileiro obrigado a viver o complexo de inferioridade foi o índio, o brasileiro natural de nossa terra. O índio não tinha nenhum complexo de inferioridade antes da chegada dos portugueses. Ao contrário, ele vivia numa sociedade bem-estruturada e era orgulhoso das tradições de sua tribo, de seus deuses, de suas glórias nas lutas contra os inimigos. Mesmo tendo de enfrentar as dificuldades de um modo de vida baseado na caça, na pesca, na coleta e numa pequena agricultura, possuía identidade e cultura complexa próprias.

A vida indígena não era um paraíso perdido. Tinham seus problemas, suas contradições. Aliás, é fácil imaginar como foi complicado viver numa sociedade que dependia exclusivamente da natureza. Apenas, é importante perceber que formavam uma sociedade estruturada, com valores determinados (dos quais vocês pode discordar), tinham equilíbrio e se auto-sustentavam (não se conhecem casos de tribos que passavam fome, a não ser que alguma catástrofe da natureza assim determinasse). Quando a terra perdia a fertilidade ou quando a caça, a pesca ou a coleta de uma região escasseavam, mudavam-se para outro local em que pudessem subsistir.

Sua sociedade era organizada entre iguais. Embora houvesse “cargos” (cacique, pajé), todos desfrutavam das mesmas condições de vida, e o alimento era distribuído entre todos. Cada um desempenhava seu papel na sociedade, ou seja, cada um sabia o que devia fazer e como fazer. Possuíam a noção muito clara de que ninguém explorava ninguém e de que suas ações ajudavam de fato sua tribo a sobreviver e a crescer.

Quando os portugueses aqui chegaram, seu objetivo era explorar a colônia, para conquistar, dominar e levar tudo o que achassem que daria dinheiro. A atitude deles em relação aos indígenas foi determinada por esses objetivos. Até quando foi possível obter deles que queriam, trataram-nos como sócios de um negócio, mas quando não puderam mais contar com sua “colaboração”, passaram a tratá-los como inimigos.

Os portugueses não foram os únicos a tratar os povos autóctones dessa forma. Os ingleses, espanhóis, franceses, holandeses e todos os demais povos europeus que naquela época colonizaram o mundo agiram da mesma forma. Os europeus exterminaram milhões de seres humanos a fim de conquistar e explorar as terras que por estes eram habitadas. Apesar de não existirem estatísticas exatas sobre isso, calcula-se que nem as duas guerras mundiais (a de 1914-1918 e a de 1939-1945) mataram, juntas, com todas as armas modernas que possuíam, o mesmo que os europeus nos processos de conquista do novo mundo. Isso foi a colonização.

Theodor de Bry - Século XVI, retratando a visão de um europeu sobre as diferenças entre o mundo dos indígenas e o dos colonizadores.

Fonte:

AGOSTINI, João Carlos. Brasileiro, sim senhor!: uma reflexão sobre nossa identidade. 2ª ed. São Paulo: MOderna, 2004.

Assistam ao vídeo Matriz Tupi de Darcy Ribeiro: