quinta-feira, 15 de março de 2012

Cientistas descobrem na China homem desconhecido que conviveu com o moderno


Os cientistas admitem, mesmo sem comprovação definitiva, que o nosso planeta tenha se formado há cerca de cinco bilhões de anos e que a vida, em sua forma mais primitiva, tenha surgido um bilhão de anos depois. Eu vos falo da PRÉ-HISTÓRIA.

Atualmente a busca de resquícios da era chamada de PRÉ-HISTÓRIA, que erroneamente é rotulado, são constantes. Vejam a matéria da UOL da descoberta de fósseis em duas cavernas do sudoeste da China revelaram a existência de um homem até agora desconhecido da Idade de Pedra.


Vejam a matéria completa aqui: MATÉRIA COMPLETA

Assistam ao vídeo sobre a Era em que o homem viveu entre as feras:

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Era Pré-Colombiana


Mapa da América indicando as regiões culturais na América Pré-colombiana.

██ Ártico


██ Noroeste


██ Aridoamérica


██ Mesoamérica


██ Área intermediária


██ Caribe


██ Área amazônica


██ Área andina


Muitas civilizações pré-colombianas estabeleceram características e marcas que incluiam assentamentos permanentes ou urbanos, agricultura, e arquitetura cívica e monumental e complexas hierarquias sociais. Algumas dessas civilizações já tinham desaparecido antes da primeira chegada permanente dos europeus (c. final do séc. XV - início do séc. XVI), e são conhecidas apenas através de pesquisas arqueológicas. Outras foram contemporâneas com este período e também são conhecidos através de relatos históricos da época. Algumas, como os maias, tinham seus próprios registros escritos. No entanto, a maioria dos europeus da época viam esses textos como heréticos e muitos foram destruidos em piras cristãs. Apenas alguns documentos secretos continuam intactos, deixando os historiadores modernos, com lampejos dessas culturas e conhecimentos antigos.

A era pré-colombiana incorpora todas as subdivisões períodicas na história e na pré-história das Américas, antes do aparecimento dos europeus no continente americano, abrangendo desde o povoamente original no Paleolítico Superior à colonização européia durante a Idade Moderna. Embora tecnicamente referindo-se a era antes de viagens de Cristovão Colombo em 1492-1504, na prática, o termo inclui geralmente a história das culturas indígenas americanas, até que serem conquistadas ou significativamente influenciadas pelos europeus, mesmo que isso tenha acontecido décadas ou mesmo séculos depois do desembarque inicial de Colombo.

O termo pré-colombiano é frequentemente utilizado especialmente no contexto das grandes civilizações indígenas das Américas, como as da Mesoamérica (os olmecas, os toltecas, os teotihuacanos, os zapotecas, os mixtecas, os astecas e os maias) e dos Andes (os incas, moches, chibchas, cañaris).


De acordo com contas e documentos dos indígenas americanos e dos europeus, as civilizações americanas no momento da colonização europeia possuiam muitas realizações impressionantes. Por exemplo, os astecas construíram uma das cidades mais impressionantes do mundo, Tenochtitlán, onde hoje está localizada a Cidade do México, com uma população estimada em 200.000 habitantes. Civilizações americanas também exibiam realizações impressionantes em astronomia e matemática.

El Mirador, como deveria parecer em 300 a.C.

Onde esses povos persistiram, as sociedades e culturas que são descendentes dessas civilizações agora podem ser substancialmente diferentes na forma original. No entanto, muitos desses povos e seus descendentes ainda mantêm várias tradições e práticas que dizem respeito aos tempos antigos, mesmo que combinados com culturas que foram mais recentemente adotadas.




Panorama de Machu Picchu em meio às cadeias de montanhas peruanas.

ASSISTAM AO VÍDEO - CIVILIZAÇÕES SECRETAS:


FONTE:

sábado, 22 de outubro de 2011

‘Cabo’ Anselmo sabatinado

Em entrevista ao 'Roda Viva', da TV Brasil, ‘maior traidor da esquerda brasileira’ nega fatos históricos e até que sabia da gravidez de sua namorada, torturada e morta na ditadura
José Anselmo dos Santos, o “cabo” Anselmo – considerado o maior delator da esquerda armada brasileira – negou ontem, em entrevista à TV Brasil, vários fatos históricos a ele imputados.

Anselmo era presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) em março de 1964, até deixar a Marinha para, supostamente, se dedicar à luta armada. A repercussão de sua história ofuscou as trajetórias de vários de seus colegas de farda que, ao contrário dele, continuaram lutando contra o governo militar – como você pode ver aqui.

O “cabo” garante que passou a delatar companheiros apenas em 1971, depois de ser torturado. Mas, ironicamente, ele diz que “não imaginaria” o que poderia acontecer com sua namorada Soledad Viedma, torturada até a morte pelos militares – além de negar, também, saber que ela estava grávida de quatro meses.

Anselmo refutou – e não transpareceu – qualquer arrependimento. Para ele, tratava-se de “uma guerra declarada”, na qual “morreram gente dos dois lados” e que Soledad “escolheu enfrentar os policiais da ditadura”. Anselmo negou, inclusive, ter dado informações sobre companheiros – sob o argumento de que tudo era colhido por sua “sombra”, um militar encarregado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, de seguir Anselmo e todos que se encontravam com ele.

O ex-militar declarou ainda que participaria da Comissão da Verdade – em votação no Congresso Nacional –, desde que “houvesse gente dos dois lados”. Anselmo hoje vive, segundo ele, de favores de amigos empresários – “nenhum deles ligados ao regime militar” – que se solidarizaram com sua história.

Veja alguns trechos da sabatina nos vídeos abaixo disponibilizados pela TV Brasil no YouTube:



Referências:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/nota/cabo-anselmo-sabatinado

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Anselmo

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Síntese da História da Sexualidade no Brasil


Quando se trata deste assunto, sexualidade, a grande maioria tem uma visão muito limitada do que seria realmente falar disto. Principalmente, quando em fatores históricos, não entendem a evolução de comportamentos e costumes no devir histórico que nos faz refletir e entender a sexualidade. Assunto que se deve comentar, discutir, divulgar, sem tabus e sem vulgarização.

Hoje encontramos em propagandas comerciais, mulheres, homens, ambos seminus, lambendo os beiços e trocando olhares. Nossos padrões de beleza e erotismo têm mais influência cultural do que genético, se não dizer, só tem. Hoje ao vermos mulheres bonitas, para os modelos da mulher agradável que são impostas na mídia, desejamos, nós homens, as mulheres limpas com peles macias etc. No Brasil Colônia, quanto mais cabeluda fosse a região genital feminina melhor agradava os anseios dos machos. Como diz a historiadora Mary Del Priore: “As vergonhas depiladas remetiam a uma imagem sem sensualidade. As estátuas e pinturas que revelam mulheres nuas, o faziam sem pelos púbicos. A penugem cabeluda era o símbolo máximo do erotismo feminino”.

Talvez com isto, podemos indagar e refletir de como a questão de protótipo do belo e sensualidade estão mais ligadas ao comportamento de uma sociedade. Lembrando, que as questões higiênicas não tinha uma mínima de preocupação. A região feminina, chamada de “tesouro da natureza”, estava relacionada à reprodução, maternidade. Quando se deixava os pelos crescer, a mulher era considerada prostituta. Como diz Priore:

As pessoas consideradas ‘decentes’ costumavam depilar ou raspar as partes pudendas para destituí-las de qualquer valor erótico. Frisar, pentear ou cachear os pelos púbicos eram apanágios das prostitutas”.

E para por fogo nesta conversa, e talvez causar aversão ao ler os próximos pontos, além de ser bem cabeluda teria que ter o “cheirinho” natural. Só para ter uma ideia, um odor ao ponto de criar vômitos nos tempos de hoje era fator primordial para uma boa cópula.

O próprio Gregório de Matos (O Boca do Inferno) conta isto em seus versos:

“Lavai-vos quando o sujeis
E porque vos fique o ensaio
Depois de foder lavai-o
Mas antes não o lavais...”

Entrando no campo do desejo sexual, de suma importância para entender algumas curiosidades, enquanto hoje numa relação sexual o casal (homem e mulher) poderia se deliciar e expressar suas sensações e prazeres sem se preocupar com censura, antes isto era diferente. No passado, o direito de gozar era, apenas, do homem. A Igreja reforçou esta ideia e o comportamento de que o “gemer” feminino além de proibido, era repudiado pelos próprios maridos. A Mulher não tinha este “direito” de ter prazer, sua função diante da sociedade da época era de procriar, como diz, mais uma vez, Priore:

Ser assexuada, embora tivesse clitóris, à mulher só cabia uma função: ser mãe. Ela carregou por quinze séculos a pecha imposta pelo cristianismo: herdeira direta de Eva, foi responsável pela expulsão do paraíso e pela queda dos homens. Para paga seu pecado, só dando à luz entre dores.

Lembrando, enquanto hoje o beijo na boca são comuns nas praças, nos Shopping, Praias e diversos lugares públicos. Beijo na boca mesmo, só veio ser comum com a invenção do creme dental e a escova. Agora, imagina: "como era antes destas maravilhosas invensões?" Claro que ninguém suportaria beijar uma boca que nunca na vida passou por uma lavagem.

Assistam a entrevista da Historiadora Mary Del Priore:


Referência Bibliográfica:

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.

domingo, 10 de julho de 2011

A Primeira Guerra Mundial (1914-18)

O evento mais significativo do século, não foi apenas traumática enquanto durou, mas também teve efeitos profundos. Ajudou a impulsionar a Revolução Russa e configurou-se como uma das causas de depressão financeira dos anos 1930.

A Primeira Guerra Mundial foi um confronto bélico sem precedentes históricos, pois envolveu todas as grandes potências do mundo, impondo o recrutamento obrigatório em cada nação, não só para o exército como também para a produção, resultando numa completa mobilização econômica e militar. No esforço de guerra, cada Estado assumiu a administração de sua própria economia e todos os cidadãos tornaram-se soldados. Os tanques de Guerra, os encouraçados, os submarinos, os abuses de grosso calibre e a aviação, entre outras inovações tecnológicas, demonstraram que o mundo possuía uma capacidade bélica até então inimaginável.

Em linhas gerais, a Primeira Guerra Mundial apresentou duas grandes fases: em 1914 houve a guerra do movimento e, de 1915 em diante, a guerra de trincheiras. A primeira fase estava relacionada ao Plano Schlieffen, estratégia alemã elaborada em 1905 que previa a guerra em duas frentes, concentrada todo o esforço bélico primeiramente no Ocidente e depois no Oriente, sem dividir-se. Começaria com uma rápida ofensiva esmagadora contra a França, derrotando-a, em seguida o grosso das operações militares seria realizado na frente oriental, contra a Rússia, acreditando-se numa vitória em poucos meses.

Trincheiras

Para a execução da ofensiva ocidental, os alemães invadiram a França, atravessando o território belga, o que violou a sua neutralidade. Esse foi o pretexto para a Inglaterra declarar guerra à Alemanha. Os exércitos alemães marcharam em direção a Paris, surpreendendo as tropas francesas. Uma ofensiva russa na frente oriental, entretanto, obrigou o general alemão Moltke a uma divisão de forças. A França salvou-se do fulminante ataque alemão na Batalha do Marne (1914).

Com o fracasso do Plano Schlieffen, terminava a guerra de movimento, iniciando-se a guerra de posição ou de trincheiras. Outras potências entraram no conflito, posicionando-se ao lado da Entente: Japão (1914), Itália (1915), Romênia (1916) e Grécia (1917). Ao lado dos impérios centrais (Alemanha e Austria-Hungria) colocaram-se a Turquia (1914) e a Bulgária (1915).

Alianças militares europeias em 1914. A Tríplice Aliança está representada em castanho, a Tríplice Entente em verde e as nações neutras em pêssego.

Enquanto na frente ocidental a guerra entrava na fase das trincheiras, cada país defendendo, palmo a palmo, o território conquistado, na frente oriental ocorria uma sequencia de grandes vitórias alemãs, como na batalha de Tannenberg, na qual cem mil russos foram aprisionados.

Em 1916, em Verdun, frustra-se uma nova ofensiva alemã contra a França, mantendo-se em geral as posições conquistadas. O ano de 1917, ao contrário, foi marcado por acontecimentos decisivos para a guerra.

As contínuas derrotas russas aceleravam a queda da autocracia czarista, culminando na revolução de 1917, que implantaram um governo socialista. Com o novo governo concluiu-se um acordo de paz em separação, o Tratado de Brest-Litovski, de 1918, oficializando a saída dos russos da guerra.

Ainda em 1917, a Itália sofreu uma grande derrota frente aos Austríacos, na batalha de Caporetto, sendo neutralizada. Com dois inimigos fora de combate, as potências centrais passaram a se preocupar com a frente ocidental franco-inglesa, e a Alemanha intensificou o bloqueio marítimo à Inglaterra, objetivando deter seus movimentos e o abastecimento da Grã-Bretanha.

Os Estados Unidos, que até então se mantinham neutros, embora ligados à Entente, abastecendo os países europeus de alimentos e armamentos, sentiram-se ameaçados pela agressividade alemã. O afundamento do seu transatlântico Lusitânia e do navio Vigilentia serviu de pretexto para a declaração de guerra contra as potências centrais. A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, com seu imenso potencial industrial e humano reforçou o bloco dos aliados. A abundante oferta de novas armas – tanques, navios e aviões de guerra – dinamizou o conflito, levou à retomada da ofensividade aliada que impôs sucessivas derrotas aos alemães.

Assim, graças à superioridade econômica-militar dos aliados, paulatinamente as potências centrais foram sendo derrotadas, e, em novembro de 1918, o próprio Kaiser renunciava, refugiando-se na Holanda. O novo governo social-democrata da Alemanha assinou o Armistício de Compiegne, finalizando a Primeira Guerra Mundial.

Assistam ao Vídeo:


Fontes:

VICENTINO, Cláudio. História Geral. Ed. atual. e ampliada. São Paulo: Scipione, 1997

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2008.

Internet:

Acesso em 10/07/2011: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Schlieffen

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dias de Pânico em Recife

Estádio do ARRUDA (Recife) - Na cheia de 1975


Em 1975, no Recife, a população escandalizava-se devido a boatos que corriam nos ouvidos das pessoas através do boca a boca. Causando pânico em toda a cidade. Pacientes de hospitais, moradores do centro do Recife e trabalhadores, fugiam e corriam para salvar suas vidas de um provável rompimento da barragem de Tapacurá. Os gritos eram: "Tapacurá estourou!" Causando pandemônio e medo em todo o Recife.

Entre os dias 17 e 18 de Julho daquele ano, uma enchente deixou 80% do Recife sob as águas. Outros 25 municípios banhados pelo rio Capibaribe também foram atingidos. Ao todo, morreram 107 pessoas e outras 350 mil ficaram desabrigadas. O governador da época, Moura Cavalcanti, decretou estado de calamidade pública na capital e em nove municípios do interior.

Na manhã do dia 21, as águas baixaram e a população começava retomar a vida, foi quando o pânico voltou a tomar conta das ruas do Recife. Tudo provocado por um boato de que a Barragem de Tapacurá havia estourado e que a cidade seria arrasada.

Ainda pela manha, uma multidão corria de um lado para outro sem saber aonde ir; mulheres desmaiavam; os carros não respeitavam sinais nem contra-mão; guardas de trânsito abandonavam seus postos; várias pessoas foram atropeladas; bancos, casas comerciais e a agência central dos Correios fecharam as portas; no Hospital Barão de Lucena várias pessoas pularam do primeiro andar; enquanto o boato se espalhava de boca em boca.


As emissoras de rádio passaram imediatamente a divulgar insistentes desmentidos. A Polícia Militar divulgou nota oficial informando que prenderia quem fosse flagrado repetindo o alarme. A Polícia Federal anunciou que estava investigando a origem (nunca descoberta) do boato. Tudo para tentar acalmar a população. O pânico durou cerca de duas horas, mas seu momento de maior intensidade teve cerca de 30 minutos. Mais de 100 pessoas foram atendidas nos serviços de emergência dos hospitais.

O trânsito, em estado de calamidade, ficou intransitável. Os pedestres se jogavam nos ônibus, outros pulavam dos ônibus, em busca de parentes e amigos, na esperança de revê-los antes da “morte” que não estava por vim.

Av. Guararapes. Pânico coletivo no Recife.
10h do dia 21 de Julho de 1975.

Só a partir do discurso do governador, na época, José Francisco de Moura Cavalcanti que as pessoas começaram a se acalmar, seguindo com diversos boletins das rádios e televisão.

A pesquisadora Maria do Carmo Andrade publicou . “Tapacurá estourou!” Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.

Vejam parcialmente a pesquisa:

“Tapacurá estourou!”

DESESPERO TAMBÉM NA PERIFERIA. AS PESSOAS
FUGIAM COM MEDO DE UMA TRAGÉDIA FICTÍCIA

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

Desde 1632, a história registra grandes enchentes em Pernambuco. Umas de maiores, outras de menores proporções, mas todas causando muitos danos à população. Depois das de 1970, houve pressão para que os governos estadual e federal tomassem providências no sentido de proteger o Recife das cheias.

Uma das providências seria a construção de barragens. Em 1973, foi inaugurada a de Tapacurá e a população acreditava que apenas ela seria a solução para evitar as enchentes. Em 1975, para surpresa de todos, houve uma enchente que foi considerada a maior calamidade do século.

Aconteceu entre os dias 17 e 18 de julho, quando 80% da população do Recife ficaram debaixo d’água, 25 municípios da bacia do rio Capibaribe também foram atingidos, morreram 107 pessoas e outras milhares ficaram desabrigadas. Ferrovias foram destruídas, pontes desabaram, casas foram arrastadas pelas águas. Por terra, o Recife ficou isolado do resto do País durante dois dias.

Quando as águas começaram a baixar, as pessoas, fisicamente e psicologicamente fragilizadas, foram aos poucos avaliando os prejuízos e retomando suas vidas. Foi nesse cenário que, por volta das 10 horas da manhã do dia 21 de julho, surgiu o boato de que a barragem de Tapacurá (que tem capacidade para acumular 94 milhões de metros cúbicos de água e nada sofrera com a enchente) havia estourado e que a cidade seria destruída pelas águas em poucas horas.

“Tapacurá estourou!” O alarme anônimo provocou pânico em toda a cidade e o Recife enlouqueceu. O grito ecoou de boca em boca, começou a correria de um lado para outro em busca dos parentes e amigos para fugirem ou morrerem juntos. Motoristas gritavam para os pedestres: “Fujam! A barragem estourou!” Algumas pessoas corriam no sentido cidade-subúrbio, outros no sentido subúrbio-cidade. Uns subiam em árvores, outros subiam até os últimos andares de edifícios, grande parte simplesmente abandonava os postos de serviços em comércio, escritórios e até bancos. Lojas, colégios e repartições públicas ficaram vazias.

A rua do Hospício virou realmente um verdadeiro hospício. Filas de ônibus desmanchavam-se. Homens e mulheres abandonavam o posto da Previdência Social, onde aguardavam atendimento e, ainda com cartões de identificação nas mãos, atropelavam-se nas escadarias dos edifícios próximos na tentativa de encontrar um lugar seguro.

Carros trafegavam em velocidade na contramão. Ônibus eram invadidos fora das paradas por aflitos fugitivos, ao mesmo tempo em que passageiros apavorados saltavam pelas janelas. Mulheres em pleno ataque de nervos gritavam de mãos estendidas para o alto. “Salve-se quem puder!”.

Na Avenida Caxangá, que se estende por sete quilômetros em paralelo ao rio Capibaribe, estava uma confusão geral. Milhares de pessoas corriam de um lado para outro, disputando lugar com os carros e ônibus. Muitos com faróis acesos e buzinando com estardalhaço tomavam o sentido inverso do tráfego.

Pedestres imploravam por carona, mesmo sem saber o destino do veículo, mas apenas para sair dali. Das ruas transversais saiam multidões alarmadas, gente carregando roupas, aparelhos de televisão, bujões de gás, colchões. A loucura era tal, que até doentes internados em hospitais abandonaram ambulatórios e enfermarias, alguns vestidos com os característicos camisolões, para se juntarem à massa em fuga.

Cleudson Barros de Oliveira, recém-chegado da cidade de Salvador-BA, estava trabalhando na Empresa Bonfim, que ficava na antiga Rodoviária, próximo ao viaduto das Cinco Pontas. Quando soube que Tapacurá havia estourado, correu juntamente com os colegas, para cima do viaduto, entretanto achando que o viaduto provavelmente cairia com a força das águas, resolveram descer. Pensando depois que poderiam morrer afogados, subiram novamente e assim ficaram subindo e descendo completamente desorientados.

Várias outras situações dramáticas aconteceram: a dona de casa Fátima Aleixo, residente na rua Francisco de Paula Machado, no Cordeiro, gritava por socorro, numa crise de histeria, enquanto todos da rua corriam sem olhar para trás; Joana Gomes de Andrade, com um pé descalço e o outro calçado e sua filha Carmelita, com a roupa que estava lavando na mão, também corriam, assim como Dora, com uma caixa de mantimentos que acabara de comprar, na cabeça. Era uma questão de vida ou morte, corria-se com o que estava ao alcance das mãos ou com o que se estava na mão. Não havia tempo para raciocínio lógico.

O governador do estado, José Francisco de Moura Cavalcanti, em seu gabinete, cuidava das ações de assistência aos municípios em que ele decretara estado de calamidade pública em consequência das inundações. Quando soube da notícia, convocou o coronel Geraldo Pereira de Lima, chefe da Casa Militar, para saber o que estava havendo.

Feita a comunicação com a administração da barragem, constatou-se que a situação era normal. O governador dirigiu-se para o meio da confusão, em frente ao Diretório Central dos Estudantes, na rua do Hospício. Os estudantes choravam, agitados. O governador disse a eles que a notícia da barragem não era verdadeira, que se Tapacurá houvesse estourado ele não estaria ali naquele momento. Os estudantes se acalmaram e tomaram as ruas gritando para o povo que a notícia sobre o estouro de Tapacurá era falsa, que era boato, que estava tudo bem.

Estrada dos Remédios - década de 70

Mas, somente após os insistentes boletins divulgados pelas emissoras de rádio e televisão, alguns feitos pelo próprio governador desmentindo o boato, a vida da cidade reordenou-se aos poucos.

Hoje, a história da barragem de Tapacurá parece coisa de folclore. As pessoas que viveram aquele acontecimento, no entanto, quase sempre têm uma história tragicômica para contar.

Recife, 13 de julho de 2006.

Assistam ao vídeo que mostra a estrutura da Barragem:


FONTES CONSULTADAS:

ENCHENTE e pânico. Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2006.

FONSECA, Homero. Tapacurá; o dia em que o Recife enlouqueceu. In: MENEZES, Fernando (Coord.). Recife: paixão e tragédia. 2.ed. Recife: PROPEG, 2000.

JC On-Line. Especial 80 anos. Disponível em: Acesso em: 5 maio 2006.

TAPARURÁ estourou. . Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2006.

COMO CITAR ESTE TEXTO:

ANDRADE, Maria do Carmo. “Tapacurá estourou!” Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: . Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=806&Itemid=1