Em entrevista ao 'Roda Viva', da TV Brasil, ‘maior traidor da esquerda brasileira’ nega fatos históricos e até que sabia da gravidez de sua namorada, torturada e morta na ditadura
José Anselmo dos Santos, o “cabo” Anselmo – considerado o maior delator da esquerda armada brasileira – negou ontem, em entrevista à TV Brasil, vários fatos históricos a ele imputados.
Anselmo era presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) em março de 1964, até deixar a Marinha para, supostamente, se dedicar à luta armada. A repercussão de sua história ofuscou as trajetórias de vários de seus colegas de farda que, ao contrário dele, continuaram lutando contra o governo militar –como você pode ver aqui.
O “cabo” garante que passou a delatar companheiros apenas em 1971, depois de ser torturado. Mas, ironicamente, ele diz que “não imaginaria” o que poderia acontecer com sua namorada Soledad Viedma, torturada até a morte pelos militares – além de negar, também, saber que ela estava grávida de quatro meses.
Anselmo refutou – e não transpareceu – qualquer arrependimento. Para ele, tratava-se de “uma guerra declarada”, na qual “morreram gente dos dois lados” e que Soledad “escolheu enfrentar os policiais da ditadura”. Anselmo negou, inclusive, ter dado informações sobre companheiros – sob o argumento de que tudo era colhido por sua “sombra”, um militar encarregado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, de seguir Anselmo e todos que se encontravam com ele.
O ex-militar declarou ainda que participaria da Comissão da Verdade – em votação no Congresso Nacional –, desde que “houvesse gente dos dois lados”. Anselmo hoje vive, segundo ele, de favores de amigos empresários – “nenhum deles ligados ao regime militar” – que se solidarizaram com sua história.
Veja alguns trechos da sabatina nos vídeos abaixo disponibilizados pela TV Brasil no YouTube:
Quando se trata deste assunto, sexualidade, a grande maioria tem uma visão muito limitada do que seria realmente falar disto. Principalmente, quando em fatores históricos, não entendem a evolução de comportamentos e costumes no devir histórico que nos faz refletir e entender a sexualidade. Assunto que se deve comentar, discutir, divulgar, sem tabus e sem vulgarização.
Hoje encontramos em propagandas comerciais, mulheres, homens, ambos seminus, lambendo os beiços e trocando olhares. Nossos padrões de beleza e erotismo têm mais influência cultural do que genético, se não dizer, só tem. Hoje ao vermos mulheres bonitas, para os modelos da mulher agradável que são impostas na mídia, desejamos, nós homens, as mulheres limpas com peles macias etc. No Brasil Colônia, quanto mais cabeluda fosse a região genital feminina melhor agradava os anseios dos machos. Como diz a historiadora Mary Del Priore: “As vergonhas depiladas remetiam a uma imagem sem sensualidade. As estátuas e pinturas que revelam mulheres nuas, o faziam sem pelos púbicos. A penugem cabeluda era o símbolo máximo do erotismo feminino”.
Talvez com isto, podemos indagar e refletir de como a questão de protótipo do belo e sensualidade estão mais ligadas ao comportamento de uma sociedade. Lembrando, que as questões higiênicas não tinha uma mínima de preocupação. A região feminina, chamada de “tesouro da natureza”, estava relacionada à reprodução, maternidade. Quando se deixava os pelos crescer, a mulher era considerada prostituta. Como diz Priore:
“As pessoas consideradas ‘decentes’ costumavam depilar ou raspar as partes pudendas para destituí-las de qualquer valor erótico. Frisar, pentear ou cachear os pelos púbicos eram apanágios das prostitutas”.
E para por fogo nesta conversa, e talvez causar aversão ao ler os próximos pontos, além de ser bem cabeluda teria que ter o “cheirinho” natural. Só para ter uma ideia, um odor ao ponto de criar vômitos nos tempos de hoje era fator primordial para uma boa cópula.
O próprio Gregório de Matos (O Boca do Inferno) conta isto em seus versos:
“Lavai-vos quando o sujeis E porque vos fique o ensaio Depois de foder lavai-o Mas antes não o lavais...”
Entrando no campo do desejo sexual, de suma importância para entender algumas curiosidades, enquanto hoje numa relação sexual o casal (homem e mulher) poderia se deliciar e expressar suas sensações e prazeres sem se preocupar com censura, antes isto era diferente. No passado, o direito de gozar era, apenas, do homem. A Igreja reforçou esta ideia e o comportamento de que o “gemer” feminino além de proibido, era repudiado pelos próprios maridos. A Mulher não tinha este “direito” de ter prazer, sua função diante da sociedade da época era de procriar, como diz, mais uma vez, Priore:
Ser assexuada, embora tivesse clitóris, à mulher só cabia uma função: ser mãe. Ela carregou por quinze séculos a pecha imposta pelo cristianismo: herdeira direta de Eva, foi responsável pela expulsão do paraíso e pela queda dos homens. Para paga seu pecado, só dando à luz entre dores.
Lembrando, enquanto hoje o beijo na boca são comuns nas praças, nos Shopping, Praias e diversos lugares públicos. Beijo na boca mesmo, só veio ser comum com a invenção do creme dental e a escova. Agora, imagina: "como era antes destas maravilhosas invensões?" Claro que ninguém suportaria beijar uma boca que nunca na vida passou por uma lavagem.
Assistam a entrevista da Historiadora Mary Del Priore:
Referência Bibliográfica:
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.
O evento mais significativo do século, não foi apenas traumática enquanto durou, mas também teve efeitos profundos. Ajudou a impulsionar a Revolução Russa e configurou-se como uma das causas de depressão financeira dos anos 1930.
A Primeira Guerra Mundial foi um confronto bélico sem precedentes históricos, pois envolveu todas as grandes potências do mundo, impondo o recrutamento obrigatório em cada nação, não só para o exército como também para a produção, resultando numa completa mobilização econômica e militar. No esforço de guerra, cada Estado assumiu a administração de sua própria economia e todos os cidadãos tornaram-se soldados. Os tanques de Guerra, os encouraçados, os submarinos, os abuses de grosso calibre e a aviação, entre outras inovações tecnológicas, demonstraram que o mundo possuía uma capacidade bélica até então inimaginável.
Em linhas gerais, a Primeira Guerra Mundial apresentou duas grandes fases: em 1914 houve a guerra do movimento e, de 1915 em diante, a guerra de trincheiras. A primeira fase estava relacionada ao Plano Schlieffen, estratégia alemã elaborada em 1905 que previa a guerra em duas frentes, concentrada todo o esforço bélico primeiramente no Ocidente e depois no Oriente, sem dividir-se. Começaria com uma rápida ofensiva esmagadora contra a França, derrotando-a, em seguida o grosso das operações militares seria realizado na frente oriental, contra a Rússia, acreditando-se numa vitória em poucos meses.
Trincheiras
Para a execução da ofensiva ocidental, os alemães invadiram a França, atravessando o território belga, o que violou a sua neutralidade. Esse foi o pretexto para a Inglaterra declarar guerra à Alemanha. Os exércitos alemães marcharam em direção a Paris, surpreendendo as tropas francesas. Uma ofensiva russa na frente oriental, entretanto, obrigou o general alemão Moltke a uma divisão de forças. A França salvou-se do fulminante ataque alemão na Batalha do Marne(1914).
Com o fracasso do Plano Schlieffen, terminava a guerra de movimento, iniciando-se a guerra de posição ou de trincheiras. Outras potências entraram no conflito, posicionando-se ao lado da Entente: Japão (1914), Itália (1915), Romênia (1916) e Grécia (1917). Ao lado dos impérios centrais (Alemanha e Austria-Hungria) colocaram-se a Turquia (1914) e a Bulgária (1915).
Alianças militares europeias em 1914. A Tríplice Aliança está representada em castanho, a Tríplice Entente em verde e as nações neutras em pêssego.
Enquanto na frente ocidental a guerra entrava na fase das trincheiras, cada país defendendo, palmo a palmo, o território conquistado, na frente oriental ocorria uma sequencia de grandes vitórias alemãs, como na batalha de Tannenberg, na qual cem mil russos foram aprisionados.
Em 1916, em Verdun, frustra-se uma nova ofensiva alemã contra a França, mantendo-se em geral as posições conquistadas. O ano de 1917, ao contrário, foi marcado por acontecimentos decisivos para a guerra.
As contínuas derrotas russas aceleravam a queda da autocracia czarista, culminando na revolução de 1917, que implantaram um governo socialista. Com o novo governo concluiu-se um acordo de paz em separação, o Tratado de Brest-Litovski, de 1918, oficializando a saída dos russos da guerra.
Ainda em 1917, a Itália sofreu uma grande derrota frente aos Austríacos, na batalha de Caporetto, sendo neutralizada. Com dois inimigos fora de combate, as potências centrais passaram a se preocupar com a frente ocidental franco-inglesa, e a Alemanha intensificou o bloqueio marítimo à Inglaterra, objetivando deter seus movimentos e o abastecimento da Grã-Bretanha.
Os Estados Unidos, que até então se mantinham neutros, embora ligados à Entente, abastecendo os países europeus de alimentos e armamentos, sentiram-se ameaçados pela agressividade alemã. O afundamento do seu transatlântico Lusitânia e do navio Vigilentia serviu de pretexto para a declaração de guerra contra as potências centrais. A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, com seu imenso potencial industrial e humano reforçou o bloco dos aliados. A abundante oferta de novas armas – tanques, navios e aviões de guerra – dinamizou o conflito, levou à retomada da ofensividade aliada que impôs sucessivas derrotas aos alemães.
Assim, graças à superioridade econômica-militar dos aliados, paulatinamente as potências centrais foram sendo derrotadas, e, em novembro de 1918, o próprio Kaiser renunciava, refugiando-se na Holanda. O novo governo social-democrata da Alemanha assinou o Armistício de Compiegne,finalizando a Primeira Guerra Mundial.
Assistam ao Vídeo:
Fontes:
VICENTINO, Cláudio. História Geral. Ed. atual. e ampliada. São Paulo: Scipione, 1997
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2008.
Em 1975, no Recife, a população escandalizava-se devido a boatos que corriam nos ouvidos das pessoas através do boca a boca. Causando pânico em toda a cidade. Pacientes de hospitais, moradores do centro do Recife e trabalhadores, fugiam e corriam para salvar suas vidas de um provável rompimento da barragem de Tapacurá. Os gritos eram: "Tapacurá estourou!" Causando pandemônio e medo em todo o Recife.
Entre os dias 17 e 18 de Julho daquele ano, uma enchente deixou 80% do Recife sob as águas. Outros 25 municípios banhados pelo rio Capibaribe também foram atingidos. Ao todo, morreram 107 pessoas e outras 350 mil ficaram desabrigadas. O governador da época, Moura Cavalcanti, decretou estado de calamidade pública na capital e em nove municípios do interior.
Na manhã do dia 21, as águas baixaram e a população começava retomar a vida, foi quando o pânico voltou a tomar conta das ruas do Recife. Tudo provocado por um boato de que a Barragem de Tapacurá havia estourado e que a cidade seria arrasada.
Ainda pela manha, uma multidão corria de um lado para outro sem saber aonde ir; mulheres desmaiavam; os carros não respeitavam sinais nem contra-mão; guardas de trânsito abandonavam seus postos; várias pessoas foram atropeladas; bancos, casas comerciais e a agência central dos Correios fecharam as portas; no Hospital Barão de Lucena várias pessoas pularam do primeiro andar; enquanto o boato se espalhava de boca em boca.
As emissoras de rádio passaram imediatamente a divulgar insistentes desmentidos. A Polícia Militar divulgou nota oficial informando que prenderia quem fosse flagrado repetindo o alarme. A Polícia Federal anunciou que estava investigando a origem (nunca descoberta) do boato. Tudo para tentar acalmar a população. O pânico durou cerca de duas horas, mas seu momento de maior intensidade teve cerca de 30 minutos. Mais de 100 pessoas foram atendidas nos serviços de emergência dos hospitais.
O trânsito, em estado de calamidade, ficou intransitável. Os pedestres se jogavam nos ônibus, outros pulavam dos ônibus, em busca de parentes e amigos, na esperança de revê-los antes da “morte” que não estava por vim.
Av. Guararapes. Pânico coletivo no Recife.
10h do dia 21 de Julho de 1975.
Só a partir do discurso do governador, na época, José Francisco de Moura Cavalcantique as pessoas começaram a se acalmar, seguindo com diversos boletins das rádios e televisão.
A pesquisadora Maria do Carmo Andrade publicou . “Tapacurá estourou!” Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
Vejam parcialmente a pesquisa:
“Tapacurá estourou!”
DESESPERO TAMBÉM NA PERIFERIA.AS PESSOAS
FUGIAM COM MEDODE UMA TRAGÉDIA FICTÍCIA
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Desde 1632, a história registra grandes enchentes em Pernambuco. Umas de maiores, outras de menores proporções, mas todas causando muitos danos à população. Depois das de 1970, houve pressão para que os governos estadual e federal tomassem providências no sentido de proteger o Recife das cheias.
Uma das providências seria a construção de barragens. Em 1973, foi inaugurada a de Tapacurá e a população acreditava que apenas ela seria a solução para evitar as enchentes. Em 1975, para surpresa de todos, houve uma enchente que foi considerada a maior calamidade do século.
Aconteceu entre os dias 17 e 18 de julho, quando 80% da população do Recife ficaram debaixo d’água, 25 municípios da bacia do rio Capibaribe também foram atingidos, morreram 107 pessoas e outras milhares ficaram desabrigadas. Ferrovias foram destruídas, pontes desabaram, casas foram arrastadas pelas águas. Por terra, o Recife ficou isolado do resto do País durante dois dias.
Quando as águas começaram a baixar, as pessoas, fisicamente e psicologicamente fragilizadas, foram aos poucos avaliando os prejuízos e retomando suas vidas. Foi nesse cenário que, por volta das 10 horas da manhã do dia 21 de julho, surgiu o boato de que a barragem de Tapacurá (que tem capacidade para acumular 94 milhões de metros cúbicos de água e nada sofrera com a enchente) havia estourado e que a cidade seria destruída pelas águas em poucas horas.
“Tapacurá estourou!” O alarme anônimo provocou pânico em toda a cidade e o Recife enlouqueceu. O grito ecoou de boca em boca, começou a correria de um lado para outro em busca dos parentes e amigos para fugirem ou morrerem juntos. Motoristas gritavam para os pedestres: “Fujam! A barragem estourou!” Algumas pessoas corriam no sentido cidade-subúrbio, outros no sentido subúrbio-cidade. Uns subiam em árvores, outros subiam até os últimos andares de edifícios, grande parte simplesmente abandonava os postos de serviços em comércio, escritórios e até bancos. Lojas, colégios e repartições públicas ficaram vazias.
A rua do Hospício virou realmente um verdadeiro hospício. Filas de ônibus desmanchavam-se. Homens e mulheres abandonavam o posto da Previdência Social, onde aguardavam atendimento e, ainda com cartões de identificação nas mãos, atropelavam-se nas escadarias dos edifícios próximos na tentativa de encontrar um lugar seguro.
Carros trafegavam em velocidade na contramão. Ônibus eram invadidos fora das paradas por aflitos fugitivos, ao mesmo tempo em que passageiros apavorados saltavam pelas janelas. Mulheres em pleno ataque de nervos gritavam de mãos estendidas para o alto. “Salve-se quem puder!”.
Na Avenida Caxangá, que se estende por sete quilômetros em paralelo ao rio Capibaribe, estava uma confusão geral. Milhares de pessoas corriam de um lado para outro, disputando lugar com os carros e ônibus. Muitos com faróis acesos e buzinando com estardalhaço tomavam o sentido inverso do tráfego.
Pedestres imploravam por carona, mesmo sem saber o destino do veículo, mas apenas para sair dali. Das ruas transversais saiam multidões alarmadas, gente carregando roupas, aparelhos de televisão, bujões de gás, colchões. A loucura era tal, que até doentes internados em hospitais abandonaram ambulatórios e enfermarias, alguns vestidos com os característicos camisolões, para se juntarem à massa em fuga.
Cleudson Barros de Oliveira, recém-chegado da cidade de Salvador-BA, estava trabalhando na Empresa Bonfim, que ficava na antiga Rodoviária, próximo ao viaduto das Cinco Pontas. Quando soube que Tapacurá havia estourado, correu juntamente com os colegas, para cima do viaduto, entretanto achando que o viaduto provavelmente cairia com a força das águas, resolveram descer. Pensando depois que poderiam morrer afogados, subiram novamente e assim ficaram subindo e descendo completamente desorientados.
Várias outras situações dramáticas aconteceram: a dona de casa Fátima Aleixo, residente na rua Francisco de Paula Machado, no Cordeiro, gritava por socorro, numa crise de histeria, enquanto todos da rua corriam sem olhar para trás; Joana Gomes de Andrade, com um pé descalço e o outro calçado e sua filha Carmelita,com a roupa que estava lavando na mão, também corriam, assim como Dora, com uma caixa de mantimentos que acabara de comprar, na cabeça. Era uma questão de vida ou morte, corria-se com o que estava ao alcance das mãos ou com o que se estava na mão. Não havia tempo para raciocínio lógico.
O governador do estado, José Francisco de Moura Cavalcanti, em seu gabinete, cuidava das ações de assistência aos municípios em que ele decretara estado de calamidade pública em consequência das inundações. Quando soube da notícia, convocou o coronel Geraldo Pereira de Lima, chefe da Casa Militar, para saber o que estava havendo.
Feita a comunicação com a administração da barragem, constatou-se que a situação era normal. O governador dirigiu-se para o meio da confusão, em frente ao Diretório Central dos Estudantes, na rua do Hospício. Os estudantes choravam, agitados. O governador disse a eles que a notícia da barragem não era verdadeira, que se Tapacurá houvesse estourado ele não estaria ali naquele momento. Os estudantes se acalmaram e tomaram as ruas gritando para o povo que a notícia sobre o estouro de Tapacurá era falsa, que era boato, que estava tudo bem.
Estrada dos Remédios - década de 70
Mas, somente após os insistentes boletins divulgados pelas emissoras de rádio e televisão, alguns feitos pelo próprio governador desmentindo o boato, a vida da cidade reordenou-se aos poucos.
Hoje, a história da barragem de Tapacurá parece coisa de folclore. As pessoas que viveram aquele acontecimento, no entanto, quase sempre têm uma história tragicômica para contar.
Recife, 13 de julho de 2006.
Assistam ao vídeo que mostra a estrutura da Barragem:
FONTES CONSULTADAS:
ENCHENTE e pânico. Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2006.
FONSECA, Homero. Tapacurá; o dia em que o Recife enlouqueceu. In: MENEZES, Fernando (Coord.). Recife: paixão e tragédia. 2.ed. Recife: PROPEG, 2000.
JC On-Line. Especial 80 anos. Disponível em: Acesso em: 5 maio 2006.
No feudalismo, a posse da terra era o critério de diferenciação dos grupos sociais, rigidamente definidos: de um lado, os senhores, cuja riqueza provinha da posse territorial e do trabalho servil; de outro, os servos, vinculados à terra e sem possibilidade de ascender socialmente. A esse tipo de sociedade, estratificada, sem mobilidade, dá-se o nome de sociedade estamental.
Assim, a sociedade feudal era composta por dois estamentos, ou seja, dois grupos sociais com status fixo: os senhores feudais e os servos. Os servos eras constituídos pela maior parte da população camponesa, vivendo como os antigos colonos romanos – presos à terra e sofrendo intensa exploração. Eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagar-lhe diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar.
Embora a vida do camponês fosse miserável e ele se submetesse completamente ao senhor, a palavra escravo seria imprópria para designar sua condição, uma vez que o servo achava-se ligado à terra, não podendo ser dela retirado para ser vendido. Assim, quando um senhor entregava sua terra a outro, o servo apenas passava a ter um novo amo, permanecendo, contudo, na mesma tenência. De certo modo, isso lhe dava alguma segurança, pois, ao contrário do escravo, o servo podia sempre contar com um pedaço de terra para sustentar sua família, ainda que precariamente.
De maneira geral, clero, nobreza e servos eram os grupos definidores da hierarquia feudal, havendo, entretanto, alguns grupos sociais menores, cujo referencial era estabelecidos entre senhores e servos. Nesses grupos encontram-se os vilões, antigos proprietários livres, embora permanecessem ligados a um senhor. Na realidade, eram servos com menos deveres e mais liberdades, com obrigações quase sempre bem-definidas e que não poderiam ser aumentadas segundo a vontade do senhor.
A terra tinha grande importância na época feudal, em decorrência da escassez de moeda e de outras formas de riqueza. Assim, estimulou-se a prática de retribuir serviços prestados com a concessão de terras. Os nobres que as cediam eram os suseranos e aqueles que as recebiam tornavam-se seus vassalos.
Um cerimonial (Homenagem) acompanhava a concessão do feudo (beneficium), ocasião em que o vassalo jurava fidelidade ao suserano, comprometendo-se a acompanhá-lo nas guerras, assim como suserano jurava, em reciprocidade, proteção ao vassalo. Enfim, suserano e vassalo assumiram compromissos de ajuda e consulta mútua (auxilium e consilium).
As Guerras
A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval. A residência dos nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao mesmo tempo, sistema de proteção.
Educação, artes e cultura
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
Vejam o Vídeo sobre a Sociedade Feudal:
Vídeo 02
Referências:
VICENTINO, Cláudio. História Geral. Ed. atual. e ampliada.São Paulo: Scipione, 1997
Observando o mapa acima, percebemos que o rio Nilo deságua no mar Mediterrâneo e sua foz tem forma de um delta. Essa região, situada no norte da África, ficou conhecida como Baixo Egito. Ali se encontravam as terras mais férteis, devido à grande quantidade de água rica em detritos orgânicos despejados no delta do rio.
A partir da cidade de Mênfis no sentido sul, ficava o Alto Egito. Nessa região, os solos férteis concentravam-se na estreita faixa de terra às margens do Nilo. Era chamada de “terra preta”, devido à cor mais escura resultante de húmus, terra com grande quantidade de matéria orgânica em decomposição. Os solos além dessa faixa eram áridos e conhecidos como “terra vermelha”.
A fertilidade do Nilo e as obras hidráulicas
Assim como ocorria na Mesopotâmia, no período das cheias, as águas do rio Nilo inundavam as terras de suas margens e depositavam ali uma rica camada de húmus. Quando o rio retornava ao seu nível normal, o solo que tinha sido inundado estava fertilizado e propício para o cultivo.
Devido à fertilidade que essas inundações periódicas traziam ao solo, a população do Egito antigo se concentrava às margens do Nilo. Por isso, a região por onde esse rio passa pode ser comparado a um oásis, ou seja, uma área fértil que possibilita o desenvolvimento da agricultura em meio à aridez de um deserto. O deserto em torno dele servia como uma proteção ou barreira natural, que dificultava o ataque de inimigos à região. Se insistissem, teriam de enfrentar o calor, as tempestades de areia e a falta de água. Muitos invasores conseguiram, mas a tarefa não era fácil.
Os egípcios construíram inúmeros canais de irrigação para levar as águas do Nilo até as áreas afastadas de suas margens. Também ergueram diques para armazenar a água que consumiam na época das secas e barragens para proteger suas moradias quando as inundações eram muito fortes.
A fertilidade do solo propiciada pelas cheias e vazantes do rio permitiu aos egípcios antigos desenvolverem uma agricultura diversificada, produzindo trigo, cevada, linho e uva. O trabalho agrícola marcava a vida dessa civilização e a arte egípcia registrou diversos momentos desse trabalho. Plantas, aves, cenas de cultivo, caça e pesca também eram comuns nas pinturas egípcias.
PERÍODOS DA HISTÓRIA EGÍPCIA
A história do Egito divide-se em três fases: o Antigo Império; Médio Império e o Novo Império. Ao longo desses três períodos, o Egito atingiu o apogeu. Porém, a partir do século VII a.C. o Egito foi invadido por vários povos e perdeu o seu antigo esplendor. A seguir, uma rápida explanação sobre cada período.
ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. – 2100 a. C.)
Durante o Antigo Império foram construídas obras de drenagem e irrigação, que permitiram a expansão da agricultura; são desse período ainda as grandes pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, construídas nas proximidades de Mênfis, a capital do Egito na época.
As pirâmides eram túmulos dos faraós. Para o seu interior era levada grande quantidade de objetos que pertenciam ao soberano, como móveis, jóias e outros objetos preciosos.
Durante o Antigo Império, o faraó conquistou amplos poderes. Isso acabou gerando alguns conflitos: os grandes proprietários de terra e os chefes dos diversos nomos não aceitaram a situação e procuraram diminuir o poder do faraó. Essas disputas acabaram por enfraquecer o poder político do Estado.
MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. – 1580 a.C.)
Durante o Médio Império, os faraós reconquistaram o poder político no Egito. A capital passou a ser Tebas.
Nesse período, conquistas territoriais trouxeram prosperidade econômica. Mas algumas agitações internas voltariam a enfraquecer o império, o que possibilitou, por volta de 1750 a.C., a invasão dos hicsos, povo nômade de origem asiática. Os hicsos permaneceram no Egito cerca de 170 anos.
NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. – 715 a.C.)
O período iniciou-se com a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas territoriais. Em seu final ocorreram agitações internas e outra onda de invasões. Devido ao enfraquecimento do Estado, o Egito foi conquistado sucessivamente pelos assírios (670 a.C.), persas (525 a.C.), gregos (332 a.C.) e romanos (30 a.C.)
O estudo de História pode ter várias finalidades. Por exemplo:
O Brasil é um país marcado pela desigualdade social. O estudo da História do Brasil pode ampliar nossa consciência para participar da tarefa de construir uma sociedade mais justa, com menos desigualdade entre as pessoas, independentemente de idade, sexo, origem, cor de pele e religião.
A História interpreta as experiências humanas ao longo do tempo nos diferentes espaços. Um dos objetivos é adquirir consciência do que fomos e, assim, transformar o que somos naquilo que queremos ser.
História e historiadores
Quem se interessa em pesquisar e ensinar História ou escrever sobre ela é chamado de historiador. Em seu trabalho, o historiador escolhe os assuntos que quer pesquisar. Esses assuntos podem incluir tanto a ficção quanto as histórias vividas por uma pessoa ou um grupo.
Os historiadores não produzem um conhecimento absoluto ou total. O conhecimento produzido por ele é seletivo e limitado. Seletivo porque cada um escolhe o tema que deseja pesquisar e o modo como vai estudá-lo. Limitado porque, por mais ampla que seja a pesquisa, ela sempre se refere a uma parte do todo.
Conhecer é uma tarefa que nunca tem fim.
Documentos históricos ou fontes históricas
Em suas pesquisas os historiadores usam várias fontes ou vários tipos de documentos para se informar sobre ideias e realizações das pessoas de diferentes épocas e lugares.
Os historiadores reúnem as informações dos documentos para saber o que, ao longo do tempo, provocou mudanças, seja na economia, seja nas artes, na política, na maneira de pensar, ou nas formas de ver e de sentir o mundo. Mas eles também estudam as permanências, ou seja, aquilo que não se alterou mesmo quando muitas mudanças ocorreram – como ruas e bairros da cidade que não se modificaram, ou ainda maneiras de realizar certos tipos de trabalho como se fazia vinte ou cinquenta anos antes, por exemplo.
Os documentos ou fontes podem ser escritos ou não. Dentre os escritos estão as cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas e documentos oficiais.
Já as fontes ou os documentos não escritos podem ser pinturas, esculturas roupas, armas, músicas, filmes, fotografias, utensílios e objetos variados, construções etc. Também é fonte histórica não escrita o relato de pessoas (idosos, jovens, gente famosa, gente comum), contando aspectos de suas vidas. Esses relatos, colhidos geralmente em entrevistas gravadas pelo historiador, registram as lembranças e ajudam a ampliar a compreensão de um passado recente ou da história que está sendo construída hoje. É que chamamos de história oral.
A Importância das fontes históricas
Até pouco tempo atrás, as fontes escritas eram consideradas as únicas possíveis para as pesquisas. Hoje, porém, várias fontes não escritas também são utilizadas, pois os historiadores entenderam que elas são registros igualmente importantes da vida dos seres humanos. Isso representa uma mudança no modo de trabalhar dos historiadores.
Ao analisar as fontes, o historiador pode conseguir várias informações. De um recibo de compra ou venda de escravo, por exemplo, pode-se obter pelo menos uma informação básica: enquanto houve escravidão no Brasil, escravos (homens, mulheres e crianças) podiam ser negociados como mercadorias. Além disso, pode-se saber como se chamava a moeda do país naquela época. Já no caso de uma máscara indígena, pode-se saber o tipo de material utilizado e as técnicas empregadas pelos artesãos do povo que produziu.
Assistam ao vídeo do Telecurso - Parte 01:
Parte 02:
Referências:
COTRIM, Gilberto. Saber e fazer história: primeiras sociedades, Antiguidade e Idade Média. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
Por mais óbvia que pareça, deve ser levantada a seguinte indagação: o que entendemos por africanos? A resposta é imediata: Os habitantes da África. O problema, entretanto, permanece, pois não esclarece o que entendemos por habitantes da África. É necessário qualificar um pouco essa resposta para que não caiamos nas simplificações tentadoras. Devemos insistir que estamos falando de seres humanos vivendo em sociedade. Assim, são iguais a todos os demais homens e mulheres deste planeta. Por outro lado, como vivem em sociedade, criam padrões comportamentais, linguísticos, culturais, alimentares, religiosos, de honra, de virilidade, de tabus etc. E são estes padrões que nos interessam entender, pelo menos no que diz respeito à lógica que permitiu sua transformação através do tempo. Decorre disso um problema. “Africano” nos sugere, a princípio, uma ideia de unidade e um padrão próprio dos habitantes do território identificado como África; mas o que nos interessa é a diversidade que se esconde por trás dessa aparente mesmice. Se podemos tratar a todos sob um mesmo rótulo – africanos, certamente a diversidade dos modos de vida e cultura não pode, nem deve, ser desconsiderada. A denominação não pode ofuscar diferenças substantivas.
“Negros” não correspondem a uma descrição exata dos nativos do continente, por dois motivos. Primeiro, porque tal título joga luz em aspectos físicos, ou melhor, na aparência, o que mantém o foco no quadro da natureza e não da sociedade. E, em segundo lugar, porque nem todos são negros. Há que se considerar as diferenças existentes entre os povos do norte (berberes e mouros) e os do sul, abaixo do deserto do Saara. Acrescente-se a isso o fato de que após séculos de dominação colonial, as presenças de outros fenótipos também se fazem presentes em decorrência da miscigenação. Assim, encontramos africanos – na medida em que nasceram no continente e se sentem parte do mesmo – negros, mestiços e até brancos. A cor da pele não nos parece um critério válido para definir a identidade dos indivíduos, nem sua inserção social e cultural.
Por mais que seja justificada a apreensão dos povos sob o mesmo nome de “africanos”, não podemos nunca esquecer de que esses povos instituíram diferentes padrões sociais, viveram e vivem histórias diferentes, por mais que tenha havido trocas entre eles. E mesmo fisicamente estes povos não são idênticos. A ideia de uma unidade dos povos que habitavam o continente é tardia quando no século XIX inaugura-se um discurso pan-africano que via os africanos “como sendo um único povo (...) como uma unidade política natural” (APPIAH, 1997). Para os habitantes do continente não havia os “africanos”: as identidades existentes tinham como referência os grupos imediatos e locais. Só após os contatos com os povos dos outros continentes, especialmente os europeus, é que foi sendo construída a ideia de “africanos”.
No primeiro momento, esta “identidade” foi estabelecida pelo europeu a partir de um duplo desconhecimento. De um lado, ignoraram as diferenças entre os povos que encontraram, tantando-os como únicos, pois possuíam a mesma aparência de negros. Como disse Darcy Ribeiro em sua obra O POVO BRASILEIRO, sobre a diversidade linguísticas dos povos africanos:
A África era, então, como ainda hoje o é, em larga medida, uma imensa Babel de línguas. Embora mais homegêneos no plano cultural, os africanos variavam também largamente nessa esfera. Tudo isso fazia com que a uniformidade racial não correspondesse a uma unidade linguístico-cultural, que ensejasse uma unificação (...). (RIBEIRO, 2006)
Mesmo quando sabiam que tratavam com povos diferentes, como no caso do tráfico de escravos, insistiam em tratar todos sob o rótulo comum de “negros” ou africanos. Duas denominações que tinham a propriedade de reduzir os seres humanos concretos a categorias indicadoras da origem ou da aparência. A Segunda ignorância que orientou essa simplificação foi a de negar a humanidade daqueles povos. Ao não se reconhecer nos povos africanos, o europeu, que se supunha ser a essência da humanidade e da civilização, negou a humanidade daqueles bípedes de pele negra. Entendia que os negros eram mais um elemento da natureza africana, semelhante aos bichos e rios.
Assistam ao vídeo aula. A África antes do século XV
Nesta teleaula você constará que nem sempre as imagens que chegam até nós falando da África refletem a complexidade e a riqueza da sua História. Aprenderá que este continente é considerado o berço da humanidade, pois, ali, os primeiros humanos começaram a migrar e povoar a Terra. Além disso, verá que a África produziu povos e civilizações de grande importância cultural e econômica que marcaram a Antiguidade, como o Egito, o reino de Kush e a cidade de Cartago.
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Referência Bibliográfica
APPIAH, K. Na casa do meu pai. Rio de Janeiro: Contrapondo, 1997, p. 22 ARNAUT, Luiz. LOPES, Ana Maria. História da África: uma introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.